Importante hub de voos do Sudeste Asiático, a cidade-estado de Cingapura caiu no gosto do turismo como polo de compras, gastronomia e entretenimento hi-tech.

Em suas ruas limpas e organizadas estão lojas de grifes cobiçadas, arranha-céus comparáveis aos de Nova York e Tóquio, 10 dos melhores restaurantes da Ásia (pelo ranking da revista britânica Restaurant) e centenas de barraquinhas de rua que servem uma deliciosa comida típica (se estiver por lá de julho a agosto aproveite os eventos do Singapore Food Festival).

Em 2005, o governo decidiu legalizar o jogo visando atrair mais visitantes, processo que foi concluído cinco anos depois com a inauguração da Universal Studios Singapore e do megacomplexo do hotel Marina Bay Sands (diárias desde US$ 309) – cuja construção de US$ 5,5 bilhões foi a mais cara do mundo na hotelaria – e sua piscina de borda infinita no 57º andar, que colocou Cingapura no mapa. Aliás, se ainda não tiver hotel, não hesite em ficar no Marina Bay, pelo menos por uma noite. A real é que sua piscina é tipo a Torre Eiffel de Cingapura no quesito ponto turístico. E é exclusiva pra hóspedes. (RESERVE AQUI!)

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Pra facilitar, o inglês é a língua oficial, o sistema de transportes é ultra-eficiente e (talvez dificultando) as leis ali funcionam. Cingapura é a cidade das multas: atravessar fora da faixa, jogar chiclete no chão e comer jaca no metrô (???) dão penalidades.

Em 3 dias dá pra ver tudo que Cingapura tem de melhor,

seja numa paradinha estratégica, numa viagem de negócios ou como destino final. Em tempo: não se assuste com os preços, o local é caro mesmo se comparado com a Tailândia, o Vietnã e outros destinos da região. Mas conhecê-lo vale o esforço.

ROTEIRO CINGAPURA

DIA 1

MANHÃ: A região de Marina Bay é o que melhor representa a Cingapura moderna. Você pode passar um dia todo ali sem peso na consciência. Comece o dia se familiarizando com o exagero que é o complexo do Marina Bay Sands, composto por hotel, shopping, cassino, museu, dois teatros, restaurantes (sete são comandados por chefes estrelados) e pista de patinação (a cidade é destinão de famílias asiáticas em férias) – tudo interligado por passarelas subterrâneas. (RESERVE O HOTEL AQUI!)

Pra comprar, espiar ou só se abismar, passeie pelas chiquetosas lojas do shopping-luxo The Shoppes: tem de Jimmy Choo a Bottega Veneta e Rolex. E Sephora (amamos)! Ali rola uma péssima imitação das gôndolas de Veneza, versão ainda piorada das fake de Las Vegas – com crianças você está perdoado se andar.

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TARDE: No almoço, se puder ostentar, sugiro comer no top CUT by Wolfgang Puck, que serve wagyu, a carne mais cara do mundo. Preço salgadérrimo (cerca de US$ 200 por pessoa). Beeeem mais ok são as comidinhas do Gallerie Food Court, no Marina Square Shopping, a 5 minutos andando dali. Há uma variedade incrível de pratos de várias culturas asiáticas a US$ 10: coreana, tailandesa, chinesa, malasiana, indonésia. Chegue cedo pra pegar uma mesa na janela, com vista linda pra baía.

Siga à construção em forma de flor de lótus onde fica o ArtScience Museum, o primeiro de arte e ciência do mundo (Cingapura é toda de querer ter o primeiro lugar das coisas). Suas 21 galerias estão dispostas entre as pétalas da flor, que acabam em claraboias sustentáveis por onde entra a iluminação. Já foram tema de suas exibições obras de Andy Warhol, a mágica de Harry Potter e as 50 melhores fotografias da National Geographic. Na exposição permanente Future World, aquários, constelações, ecossistemas em mutação e outros universos são retratados em painéis interativos – uma brisa só.

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Depois dê uma conferida no Gardens by the Bay, jardim futurista ligado ao Marina Bay Sands. Superárvores de aço e concreto com laterais cobertas por plantas são conectadas por uma passarela elevada e duas grandes estufas com design supermoderno reproduzem climas mediterrâneo e tropical úmido com uma diversidade absurda de flora, tudo num conjunto de paisagismo muito bem-feito. Os jardins ao ar livre são agrupados por tema: veja o colonial, o indiano, o de frutas…

No pôr do sol, duas opções: você pode aproveitar viagem e assistir as luzes acendendo-se da passarela do Gardens by the Bay (às 19h45 há espetáculo gratuito de luzes e sons na área das superárvores) ou subir no Sands SkyPark, rooftop do hotel Marina Bay Sands, com vista de 360 graus de Cingapura. Se estiver hospedado no hotel (esteja!), vale um fim de tarde dentro da piscina, que bomba nesse horário, tirando mil e uma fotos na borda infinita diante do skyline da cidade.

NOITE: Às 20h acontece o show de luzes, música e água Wonder Full, na baía em frente ao hotel, de só dez minutinhos. Os pequenos adoram. Se estiver na área, confira de passada antes de ir jantar.

A refeição pode ser no Waku Ghin by Tetsuya Wakuda (caaaaaaro, tipo US$ 400 por pessoa), também no Marina Bay, entre os TOP 50 restaurantes da Ásia e possivelmente o melhor de Cingapura. Fusão das culinárias oriental e ocidental, tem, todas as noites, menu-degustação que muda de acordo com os ingredientes da estação – mesmo assim espere sempre encontrar camarão marinado, ouriço e caviar ossetra – e que é preparado em três salões diferentes, onde você vive a experiência dos cheiros e técnicas. Pra comer sobremesa todo mundo se encontra no salão principal, com uma supervista.

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A alternativa mais barata fica no topo do hotel e tem janelas do chão ao teto também com panorama desejável: é o restaurante de culinária internacional CÉ LA VI, circundado pelo SkyBar, sucesso na night de Cingapura. O custo/benefício está na localização, na vista e na vibe do lugar. Depois, todo mundo segue para o CÉ LA VI Club Lounge, balada bombada. Ou então (se ainda tiver energia) dê uma passada no cassino do Marina Bay. O nível é de Las Vegas e, não à toa, foi projetado pela Las Vegas Sands, que também fez o The Venetian e o The Palazzo.

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DIA 2

MANHÃ: Dia de conhecer Cingapura lado B, cheia de cultura (e mais compras!) além de Marina Bay. Inicie o passeio na Serangoon Road, a via principal de Little India, bairro hoje turístico por seus templos, mercados e festivais típicos – em outubro ou novembro, dependendo do ano, acontece o bonito Diwali, o festival das luzes. A região é casa dos imigrantes tâmeis, grupo étnico nativo do estado indiano de Tamil Nadu e do nordeste do Sri Lanka, no passado segregados pelos colonizadores ingleses. Costurando ruazinhas perpendiculares à Serangoon você verá adoráveis casinhas cheias de cores, lojas vendendo frutas, especiarias e mil e uma quinquilharias e a indianos de trajes típicos.

O highlight local é o templo Sri Veeramakaliamman, de arquitetura dravidian, a mesma dos templos do sul da Índia, constituídos com torres com forma de pirâmide com arenito, pedra-sabão ou granito. Em homenagem à deusa Kali (a deusa da natureza, do poder, da fonte existencial hindu), tem torre “gopuram” ornamentada por várias miniesculturas de deuses. Pra entrar no templo e vivenciar os rituais e orações celebradas, deixe os sapatos do lado de fora. E sim, vá de manhã: o local fecha das 12h30 às 16h.

Veja também a bonita mesquita Abdul Gafoor, um monumento nacional com influências arquitetônicas árabes e renascentistas que exibe minaretes pontuados por luas e estrelas, relógio de sol com 25 raios caligráficos e sala de oração com um quadro contando a história da religião islâmica. Outra construção não típica e bem fotogênica é a House of Tan Teng Niah, possivelmente o edifício mais colorido de toda Cingapura e o único sobrevivente da colonização chinesa em Little India.

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Depois, vá pechinchar no burburinho turístico: há a grande loja de departamentos Mustafa Center, que vende de tudo, até ouro a bons preços; os cinco andares da Jothi Store & Flower Shop, que tem de guirlandas de jasmim a cosméticos típicos; o pequeno centro comercial Little India Arcade, ótimo pra comprar lembrancinhas de viagem; e o Tekka Center, mercado de alimentos e produtos indianos ao lado do metrô com praça de alimentação pra almoçar. Pegue o metrô e siga pra Chinatown.

TARDE

Assim como Little India, a Chinatown de Cingapura nasceu da política segregacionista. Hoje, contornando os maus tempos, é uma das mais interessantes do mundo,

com contrastes do velho e novo mundo que representam bem o que é a cidade. Há quiosques de bugigangas e lojas descoladas, barraquinhas de rua vendendo comidas estranhas e cafés industrializados, arquitetura tradicional chinesa e prédios modernos quase no Distrito Financeiro, bairro vizinho.

Comece a caminhada pela barulhenta, colorida e turisticona Pagoda Street, com um comércio diferente a cada passo. Ao final da rua está o Sri Mariamman, tempo hindu mais antigo de Cingapura também de arquitetura dravidian e ainda mais bonito que o de Little India. Seus seis níveis de esculturas de divindades indianas afunilam em direção a um cume ornamental. Nos muros, há esculturas de vacas sagradas e outras figuras místicas. Aproveite pra dar uma volta pela rua do outro lado do templo, a movimentada Temple Street, paralela à Pagoda Street.

Dali vale uma visita no Buddha Tooth Relic Temple & Museum. O templo gira em torno de um suposto dente do Buda (o que dá nome ao lugar, guardado a sete chaves dentro de uma cápsula de 3,5 toneladas feita a partir de 320 quilos de ouro (!!!). Sua construção, influenciada pela Dinastia Tang e baseada na mandala budista, custou meros US$ 55 milhões. Vale parar uns minutinhos pra contemplar seu interior todo vermelho e o bonito altar de orações, recebendo a boa energia (seja você budista ou não).

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Continue explorando Chinatown até o Tea Chapter, tradicional casa de chás visitada até pela rainha da Inglaterra. Ali te ensinam tudo sobre o mundo dos chás e você pode voltar pra casa cheio de sabores diferentes pra provar. Outras paradinhas legais são a Eu Yan Sang, farmácia de medicina chinesa tradicional, e a Tong Heng, confeitaria que produz o delicioso egg tart, espécie de pastel de nata preenchido com creme de ovos cozido. Na joalheria Li-Hong Jade, na Smith Street, você encontra raridades como as pedras birmanesas. Ao fim do dia essa mesma rua transforma-se na Chinatown Food Street, uma aglomeração sem-fim de barracas de comida.

NOITE: Podendo gastar, opte pelo menu-degustação do Shinji By Kanesaaka, dentro do lendário Raffles Hotel. Alguns ingredientes do restaurante, que só serve peixes e frutos do mar, custam mais do que metais preciosos (o chef estrelado Michelin Shinji Kanesaka realmente disse isso em entrevistas), vide o prato de enguias com geleia de pimentão e pérolas de algas marinhas. Você deixa uns US$ 200 no mínimo na refeição. O lugar é famoso também por seus saquês: há desde o básico Soutenbou ao aromático Kokuryu e o raro Juyondai Ryusen. Depois do jantar, visite o bar do hotel, símbolo da Antiga Cingapura, e peça um “singapore sling” – o drink foi criado ali em 1915.

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Outra ideia é ir à região de Clarke Quay e escolher um dos vários lugarzinhos agradáveis em frente ao rio pra comer. Há o vietnamita Little Saigon, com música ao vivo e um ótimo “hanoi martini”; a microcervejaria RedDot BrewHouse, onde a boa é comer hambúrguer e provar chopes aromáticos não filtrados; e o Coriander Leaf Bistro, todo aberto e coberto por toldos redondos, com sopa de caranguejo, falafel, curries e outras misturebas asiáticas famosas.

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DIA 3

MANHÃ: A chique e arborizada Orchard Road é a rua das compras de Cingapura. Veja de eletrônicos a grifes de alta costura, artigos pra casa, multimarcas e enormes shoppings nos 2 quilômetros de extensão da via. Você vai encontrar basicamente de tudo lá: Forever 21, Marks and Spencer, Gucci, Toys “R” Us, T.G.I. Friday’s, Louis Vuitton, o primeiro McDonald’s de Cingapura, Abercrombie & Fitch e vários outros frutos da globalização.

Ali pertinho está Emerald Hill, região mais residencial com as “shophouses”, sobradinhos com lojas embaixo e casas em cima que são marca da Cingapura pré-colonização. Legal pra conhecer rapidinho.

Se quiser almoçar na área sugiro o Crossroads Cafe, restaurante gostoso do Marriot. Tem de tudo, rápido, fácil e preço ok. Ou o Carousel no Royal Plaza on Scotts Hotel, buffet geral com uma seção bem bonita de frutos do mar.

TARDE: Hora de pegar o teleférico rapidex e ir até Sentosa Island, ilha-resort com praias artificiais, hotéis, restaurantes e o Resorts World Sentosa, complexo onde fica o Universal Studios Singapore (segundo parque da Universal na Ásia, o primeiro fica no Japão, em Osaka), o parque aquático Adventure Cove Water Park e oS.E.A. Aquarium, maior oceanário do mundo. Em segundo plano, um museu Madame Tussauds, a máquina de ondas Wave House Sentosa e o simulador de voo iFly Singapore, entre outras invenções. Logo dá pra perceber porque a ilha é chamada de playground do Sudeste Asiático.

A ideia é escolher o que você prefere fazer e gastar a tarde com isso. Se dispensar as compras na Orchard Road vá logo cedo e visite dois dos parques ou passe a manhã na praia – melhor no Tanjong Beach Club, com espreguiçadeiras chiques, piscina de borda infinita e ótimos comes e bebes. Em tempo: o transporte público da ilha é gratuito (trem, bonde e ônibus).

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NOITE: Se for ao S.E.A. Aquarium aproveite pra chegar no fim da tarde e emendar janta entre os peixes no Ocean Restaurant by Cat Cora. Já no Universal são quase 30 restaurantes e carrinhos de comida. Outra opção americanizada é o Hard Rock Cafe Sentosa, no Hard Rock Hotel Singapore (RESERVE O HOTEL AQUI!). Ou opte por algo mais refinado e conheça o francês Joël Robuchon, com mais de mil rótulos de vinho premium; o top italiano ilLido at the Cliff, no Sofitel Singapore Sentosa Resort & Spa (RESERVE AQUI!), com vistas para o mar; e a churrascaria Skirt, no W Singapore (RESERVE AQUI!).

De volta, dê uma volta em uma das cápsulas da Singapore Flyer, a segunda maior roda gigante do mundo, pra fechar viagem.

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QUANDO IR: O clima é bem parecido em todas as épocas do ano: temperatura altas, umidade elevada e um pouco de chuva. É difícil fazer menos de 20°C e, durante o dia, bem comum chegar a cerca de 30°C. Você sempre vai ver muitos executivos em viagens de negócio. De dezembro ao ano-novo chinês (fevereiro) a cidade fica cheia: é o período de férias escolares dos asiáticos. Em setembro, quando ocorre o Grande Prêmio de Fórmula 1 de Cingapura, as diárias sobem. De julho a agosto aproveite os vários eventos do Singapore Food Festival.

Anna Laura

Um dos maiores nomes do turismo no Brasil, Anna viaja há 10 anos em busca de construir um mundo mais consciente, sustentável e a favor da natureza, propondo mais autoconhecimento através de suas experiências pelo globo. Jornalista por formação e fotógrafa por vocação, é editora do Carpe Mundi e Co-founder da plataforma de curadoria em aluguel de temporada Holmy, 100% nacional e de equipe feminina.

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