Na ilha mais querida da Indonésia, o mar forma ondas perfeitas para surfistas, as montanhas são cobertas por cênicos terraços de plantação de arroz e entremeadas por vulcões, a cultura gentil e devota do povo hinduísta persiste ao revés dos 5 milhões de visitantes internacionais que chegam anualmente. Os ocidentais trouxeram lixo e trânsito, é verdade, mas também um bocado de hotéis bacanas, estúdios de yoga, cafés hipsters e uma vibe new age que paira no ar. E é só sair um pouco do sul da ilha, parte mais desenvolvida, para conhecer cantinhos onde Bali ainda é como em outros tempos. Veja aqui como montar um roteiro por Bali.

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COMO MONTAR UM ROTEIRO POR BALI:

A primeira coisa a saber é que Bali é uma ilha relativamente grande (pense algo como quatro vezes a cidade de São Paulo), que sofre com trânsito nas regiões mais desenvolvidas (Canggu, Seminyak, Uluwatu e Ubud). Por isso, você vai precisar mudar de base para curtir melhor a ilha. O número de bases que você vai escolher vai depender de quanto tempo você tem e de qual é o seu perfil. Você curte fazer tours bate-volta longos com grupo ou motorista? Se sim, você pode por exemplo conhecer Munduk e o leste de Bali fazendo passeios (meio cansativos) a partir de Ubud.

COMO SE DESLOCAR EM BALI:

Em Canggu, Seminyak e Uluwatu você pode fazer tudo com os aplicativos Grab ou Go-Jek, os Ubers locais, superfáceis de usar e muito baratos (compre um chip de celular assim que você chegar em Bali, aliás, é muito útil ter internet à mão lá). Para ir a praias mais remotas no sul de Uluwatu é melhor ir de motinho alugada ou pedir um motorista de táxi. De Canggu para Ubud (cerca de 100 km) de Grab eu paguei ínfimos US$ 10. Em Ubud e nas outras partes da ilha os apps não têm muita oferta de carros por causa de conflitos com taxistas locais. Então você vai depender de três coisas: 1) vans coletivas cuja a passagem é vendida nas agências de turismo e servem para ir de uma cidade a outra; 2) motoristas de táxi que estão por todo lado na rua oferecendo tours, se estiver em grupo pode sair em conta; 3) motinhos automáticas tipo scooter alugadas. Eu me aventurei a usar as motinhos para ir de Ubud a Munduk e lá ver as cachoeiras, por exemplo, e em Amed aluguei uma para conhecer os templos do leste de Bali (mas para ir de Ubud a Amed usei as vans coletivas). Eu gosto das motos pela liberdade que elas dão, pelo preço (US$ 3,50 por dia!) e pela facilidade (você simplesmente aparece, escreve o nome num papel, pega o capacete e vaza com a moto). Porém, entendo que não é o jeito mais seguro de viajar para quem não tem experiência dirigindo. A saber: em Bali só é permitido alugar carro com um motorista local, o que pode ser uma boa opção também (principalmente em Ubud).

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Vulcão Mt. Batur

SUGESTÃO DE ROTEIRO BALI PARA 2 SEMANAS DE VIAGEM (PARA QUEM QUER MAIS PRAIA):

Canggu (2 noites) – Uluwatu (3 noites) – Nusa Lembongan ou Penida (3 noites) – Ubud (3 noites) – Gili Air (3 noites)

SUGESTÃO DE ROTEIRO BALI PARA 2 SEMANAS DE VIAGEM (PARA QUEM QUER MAIS PAISAGENS MONTANHOSAS E TEMPLOS):

Canggu (2 noites) – Uluwatu (3 noites) – Ubud (3 noites) – Munduk (2 noites) – Amed (2 noites) – Gili Air (3 noites)

ALERTA: KUTA É FURADA

Primeira aglomeração turística da ilha, Kuta virou um antro de pós-adolescentes australianos bêbados, baladas trash, shoppings grandalhões e mais um monte de coisa que não tem nada a ver com a vibe relax de Bali. Ouça minha recomendação e, por favor, não fique ali.

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CANGGU E SEMINYAK

O que tem lá: gastronomia, vida noturna, vibe hipster

Essas regiões são vizinhas e podem começar seu roteiro Bali. A 10 km do aeroporto de Denpasar, Seminyak é mais sofisticada, com um naco considerável dos hotéis, restaurantes, boutiques e beach clubs de luxo de Bali. Eu acho que vale ficar ali se a ideia for se hospedar num deles (os hotéis de luxo) e aí ter um quarto confortável e uma boa piscina para curtir a preguiça. Se você está com orçamento ou reduzido ou simplesmente quer um lugar mais hippie-chique e menos movimentado, fique em Canggu, o lugar mais falado de Bali no momento. Trata-se de um semi-vilarejo onde as ruas ainda são relativamente tranquilas e os locais ainda plantam arroz. O que temos ali? Lanchonetes veganas com tigelas coloridas de frutas pensadas para o Instagram, cafés hipsters com grãos selecionados, lojas que vendem de biquínis a objetos de decoração praianos, restaurantes bacaninhas, estúdios de yoga lindos de morrer, barzinhos com música ao vivo e galera vestindo o equivalente ao catálogo de verão da Farm. Não é muito balinês, é verdade, mas é bacana. Vale lembrar: a praia em nenhuma das duas é grande coisa (pense areia escura e meio suja, mar agitadíssimo e acinzentado).

ULUWATU (PENÍNSULA DE BUKIT)

O que tem lá: surf, pores do sol, vistas bonitas

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Vista do templo de Uluwatu

Nessa península no sul de Bali, é onde estão as melhores ondas da ilha, o que atrai surfistas do mundo todo (incluindo um monte de brasileiros), em praias como Uluwatu e Bingin. Há uma porção de bares (mais e menos sofisticados) que se aproveitam das vistas incríveis dos penhascos sobre o mar, como o Single Fin, point dos jovens e dos surfistas, e a Cliffhouse. Para quem não surfa, tem praias lindas no sul, como Greenbowl e Melasti (está última na foto de abertura deste post). Essa região também é conveniente para casais em lua de mel, porque tem uma porção de hotéis de luxo com vistas surreais. Daqui se vê o pores de sol mais memoráveis de Bali, em lugares como o (lotado) Templo de Uluwatu e o penhasco da Pantai Tegal Wangi.

UBUD

O que tem lá: cultura, yoga, cachoeiras, cafés, gastronomia, templos, plantações de arroz, vulcão, caminhadas

Meu lugarzinho do coração de Bali. Principalmente depois do livro Comer, Rezar e Amar, da americana Elizabeth Gilbert (e do filme com a Julia Roberts) a cidade se consolidou para os ocidentais uma meca da yoga, meditação, curas energéticas, consultas astrológicas, tratamentos de spa. Tudo ali é zen, natural, vegano. Mesmo para quem não está propriamente nessa vibe, vale ficar pelo menos três noites para passear pelo centrinho da cidade (que tem mercados, lojinhas e restaurantes) e fazer passeios bate-volta para os arredores: os terraços de arroz Tegallalang e Jatiluwih, os templos Gunung Kawi e Tirta Empul (este último famoso por suas piscinas de águas consideradas sagradas onde você pode entrar para um banho de purificação), as cachoeiras como a Nungnung. Dirigindo um pouco mais também dá para ver o templo Ulun Danu Beratan, na beira de um lago, e o vulcão Mt. Batur, conhecido normalmente em caminhadas ao nascer do sol.

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MUNDUK

O que tem lá: montanhas, cachoeiras, lagos, templos

Para quem curte um rolê fora do lugar-comum pode incluir no roteiro Bali uma ou duas noites nessa cidade 1h45 ao norte de Ubud (você pode visitar o templo Ulun Danu Beratan no trajeto). Ali está a cachoeira mais especial de Bali, a Sekumpul, com 100 metros de quedas duplas, e mais uma porção de outras, como a Gitgit e a Aling-Aling. Munduk é um vilarejo pequenino nas montanhas onde você pode tirar fotos bonitas nos restaurantes com vista para os lagos Danau Buyan e Tamblingan. Durma numa pousada com vista como a Bali Rahayu Homestay.

AMED (base para o leste de Bali)

O que tem lá: mergulho, snorkel, templos, vulcão

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O turismo em Bali está extremamente concentrado no sul da ilha e é evidente a densidade populacional diminuindo à medida que você se afasta de Ubud. Por isso, sugiro incluir no seu roteiro Bali uma road trip pelo leste da ilha. Entre Ubud e Amed você pode visitar vilarejos como em Sidemen, com pousadinhas encrustadas entre os terraços de arroz, e Tenganan, que conserva suas casinhas de palha e bambu e vende artesanatos têxteis. Durma então numa pousadinha em Amed, um vilarejo aos pés do vulcão Mt. Agung que tem basicamente uma avenida principal com agências de mergulho e alguns restaurantezinhos. Ali você pode fazer snorkel na praia de Jameluk (sério, nunca vi tantos peixes tão pertinho da areia), que tem areia preta vulcânica, e visitar o palácio Tirta Gangga, com belos jardins, e o templo Lempuyang Luhur, no topo de uma montanha. Se você curte mergulho com cilindro, aqui é um bom lugar para embarcar. Outra coisa interessante sobre Amed é que de lá partem barcos rapidinhos (40 minutos) pra ir para as Gili Islands.

GILI ISLANDS

O que tem lá: vida noturna (só em Gili Trawagan), snorkel, praias

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Esse pequeno arquipélago que é na verdade parte de Lombok, ilha vizinha de Bali, supre a vontade de praias paradisíacas que Bali possivelmente deixa e deve estar no seu roteiro. Ali carros não transitam e o mar calminho é de um azul quase caribenho. Gili Trawagan é a maior delas, com agito considerável na temporada (de maio a outubro), Gili Meno, a menor, é semivirgem. Gili Air é um bom meio termo. Para chegar, é preciso pegar um barco em Padang Bai ou Amed (agências de turismo por Bali vendem pacotes que incluem transfer até essas cidades).

NUSA ISLANDS

O que tem lá: mergulho, praias, vistas bonitas

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Kelingking Beach, em Nusa Penida

Apesar de estarem a apenas 30 minutos de barco da costa de Bali, as ilhas Nusas conservam uma vibe desacelerada. A mais desenvolvida delas é Nusa Lembongan, onde você tem praias bonitas como Mushroom Beach e pode mergulhar com as arraias-manta, com chance de ver seus corpos de até cinco metros de envergadura flutuando bem pertinho de você. Nusa Penida é a irmã maior e mais rústica, ilha onde você pode dormir em bangalôs pé na areia por poucas rúpias e acordar com o cantar dos galos. Tem que ter alguma paciência com as estradas chacoalhantes que vencem seu terreno acidentado, mas os penhascos e o mar que exibe matizes de azul e verde prometem compensar. O negócio é aqui é mais a contemplação das vistas do que propriamente as praias: Kelingking Beach é o grande hit local, com sua formação rochosa em forma de “M” (foto acima), e Atuh Beach tem rochedos de tamanhos e formatos variados tingidos pelo vede da vegetação local. Para chegar, há barcos saindo de Sanur e  Padang Bai (mas em qualquer agência você consegue comprar o pacote que inclui transfer até essas cidades e o ferry).

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