Você já deve ter visto e apreciado as paisagens que envolvem os manguezais, algas marinhas e os pântanos, mas você sabia que eles são grandes protagonistas contra as mudanças climáticas?

O carbono azul surge a partir deles – e trata-se de um termo utilizado para designar todo carbono capturado e armazenado no solo desses ecossistemas costeiros.

Segundo dados da ONU, por conta de seus baixos níveis de oxigênio do solo, eles são capazes de sequestrar até dez vezes mais carbono do que as florestas tropicais.

“O total de depósitos de carbono por quilômetro quadrado nesses sistemas costeiros tem a capacidade de absorver o carbono em uma proporção até 50 vezes maior do que na mesma área de floresta tropical”, UNESCO
Imagens de algas marinhas debaixo d'água

O Programa da ONU para o Meio Ambiente, o Pnuma, alerta: embora as florestas recebam a maior atenção nessa luta do meio ambiente, os sistemas costeiros, muitas vezes negligenciados, se revelam fontes importantes de combate às mudanças do clima. Quando protegidos ou restaurados, guardam significativas quantidades de carbono que, de outra forma, poderiam estar presentes na atmosfera. 

O problema é que, quando destruídos, todo o carbono retido há séculos no solo é liberado na atmosfera. Os números assustam. Estima-se que mais de um bilhão de toneladas de dióxido de carbono estão sendo liberadas anualmente de ecossistemas costeiros degradados. 

Por que devemos cuidar da emissão de carbono?

A emissão de dióxido de carbono é uma das principais causas das mudanças climáticas e abuso ecológico do planeta Terra. É emitido muito mais gás carbônico por segundo do que é possível absorver, causando um acúmulo na atmosfera e no oceano, que gera poluição do ar, formação de chuva ácida e elevação da temperatura da Terra. Por isso, reduzir essa pegada de carbono é um passo essencial para o futuro dentro dos limites do planeta. 

Carbono azul

Segundo a organização Sustainable Travel International, a cada minuto, até três campos de futebol de ecossistemas de carbono azul estão sendo perdidos.

Manguezais

Os manguezais armazenam de três a quatro vezes mais carbono do que a florestas tropicais. Estes, estão sendo eliminados a uma taxa de 2% ao ano. Especialistas estimam que essa destruição leva a emissões de carbono que representam até 10% das emissões provenientes de degradação ambiental.

Algas marinhas

As algas marinhas são responsáveis por armazenar cerca de 10% do carbono oceânico por ano, inclusive, podem capturar carbono da atmosfera até 35 vezes mais rápido do que as florestas tropicais. Mas estão sendo perdidas a uma taxa de 1,5% ao ano, tendo já perdido 30% de sua cobertura original.

Pântanos 

Segundo a National Science Review, os pântanos salgados, apesar de ocuparem apenas 0,1% da área global, podem compensar pelo menos 0,6% das emissões de CO2. Entretanto, estão sendo perdidos a uma taxa de 1-2% ao ano, tendo já destruído mais de 50% de sua cobertura original.

Como ajudar na conservação do carbono azul?

Não esteja alheio ao papel crítico ecossistemas costeiros

Apesar de suas plurais funções, os mangues, algas marinhas e pântanos salgados vivem uma crítica resposta negativa à expansão urbana e ao desmatamento. Grande parte desses ecossistemas são destruídos pelo processo de urbanização, produção agrícola excessiva, extração descontrolada da vida marinha, pressão imobiliária em áreas costeiras, e, não menos importante, a poluição. Informar-se e informar o próximo já é um grande avanço na formação de pessoas críticas e mais autônomas diante da preservação e do cuidado com o meio ambiente.

Apoie meios de recreação éticos

Ecossistemas de carbono azul são comumente destinos escolhidos para visitar e explorar. Ao abrigar toda a teia alimentar marinha, tornam-se ambientes ideais para mergulhos, snorkeling, observação de baleias, pássaros e passeios de caiaque. Contudo, algumas atividades humanas, como construção de hotéis, limpeza de áreas de natação e cultivo de safras, são as principais responsáveis ​​por toda a destruição desses terrenos. Por isso, aqui, mais do que nunca, é necessário fazer uma pesquisa dos precedentes da empresa por trás do passeio e se certificar que eles trabalham em prol do meio ambiente e de toda a comunidade ao redor. 

Compense a pegada de carbono nas viagens

De acordo com a organização Sustainable Travel International, o turismo é responsável por cerca de 8% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Toda essa degradação vem de diversos fatores: voos, hospedagem, geração de lixo, destruição de reservas de carbono, etc. Empresas de compensação de carbono permitem que turistas e entidades comprem créditos de carbono a fim de compensar suas próprias pegadas ecológicas. Como isso? Escolha uma empresa responsável, invista a quantia que você pode pagar e automaticamente seus créditos são transformados em iniciativas, que vão desde o plantio de árvores até reforços para lançamento de novas tecnologias de extração de carbono ou restauração de ecossistemas degradados. Exemplos: Turismo CO2 Legal e Ecopass App.

+ seja um turista mais ético: 9 dicas pra minimizar seu impacto social e ambiental

Invista em projetos de carbono azul

Outra opção é investir em iniciativas que protegem e restauram os ecossistemas de carbono azul. A maioria tem uma abordagem mais comunitária, atuando diretamente com as comunidades locais, oferecendo incentivo financeiros para participarem da restauração e conservação de seus ecossistemas locais de carbono azul.

The Blue Carbon Initiative

Iniciativa global que tem como lema aliviar impactos das mudanças climáticas globais por meio da conservação e restauração dos ecossistemas costeiros e marinhos. Com eventos e parcerias com empresas eles arrecadam recursos para coordenar grupos de trabalhos que fornecem orientação para as pesquisas necessárias, implementação de projetos e prioridades políticas.

Reef Resilience Network

Junto com a The Nature Conservancy a Reef Resilience Network atua na linha de frente da conservação de recifes de corais, unindo estudiosos, especialistas, ferramentas e conhecimento operacional para traçar estratégias, fornecer treinamento online e prático, além de todo o suporte para a implementação de novas soluções para proteger e restaurar as costas marinhas de todo o mundo. 

Imagem do fundo do mar com peixes

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Pietra Palma

É a viajante profissional e principal repórter do Carpe Mundi. Coleciona momentos e pedaços de seus caminhos pelo mundo através da escrita e em seus quase três anos de blog já escreveu mais de duas centenas de posts com dicas de viagens. Férias, feriados e finais de semana são sempre oportunidades para conhecer um novo lugar e exercitar a corrida, seu esporte preferido, além de acreditar que uma boa viagem tem o poder de reanimar a alma.

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