Montanhas e picos andinos, geleiras e glaciares, bosques e florestas verdinhas, fiordes, rios, lagos e o mar, que de Puerto Montt a Villa O’Higgins se misturam criando o conjunto de paisagens mais impressionante da América do Sul, pela extensão de 1 240 quilômetros da Carretera Austral, a cênica estrada patagônica chilena.

CARRETERA AUSTRAL CHILE

Paraíso para os amantes de road trips, é a Patagônia ainda mais inóspita, autêntica, menos explorada. Por isso rolam mais dúvidas de como organizar a viagem, montar o itinerário, onde fazer base, quanto tempo ficar, quando ir e etc. Neste post, você encontra o roteiro ideal, as dicas mais importantes e as principais dúvidas sobre a Carretera Austral.

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CARRETERA AUSTRAL CHILE

COMO CHEGAR E COMO CIRCULAR PELA CARRETERA AUSTRAL

Tudo depende do roteiro que você for fazer. Há dois aeroportos recebendo voos todos os dias desde Santiago: o de Puerto Montt e o de Balmaceda. Puerto Montt é o início da Carretera, enquanto Balmaceda está quase na metade da extensão da estrada, a 1h de Coyhaique, a maior cidade. Quem quer percorrer todo o caminho deve começar em Puerto Montt, já quem tem menos tempo e quer focar nas atrações principais (o Parque Nacional de Queulat, Cerro Castillo e a Laguna San Rafael) pode voar direto para Balmaceda. Em ambos os destinos você vai alugar um carro para percorrer a extensão da estrada e seus parques nacionais, glaciares e geleiras, lagos, rios e paisagens andinas. Sempre melhor optar por alugar um carro 4×4 (apesar da parte mais turística da estrada, de Cerro Castillo para cima, ser asfaltada, mas há trechos de terra e cascalho que com chuva ou neve pedem por um veículo mais adequado). Cote seu carro aqui com a Rentcars.

*Há postos de gasolina bem espalhados ao longo da Carretera, em todos os principais vilarejos (de Puerto Montt a Chaitén, Puyuhuapi, Coyahaique, Puerto Tranquilo e Villa O’Higgins) . E mesmo nos lugares mais desertos é difícil andar mais de 300 quilômetros sem avistar um posto.

**O 3G é limitado em grande parte da estrada (aliás, esta não é uma viagem para estar conectado). Vale a pena ter um GPS no veículo e apostar em aplicativos de mapas offline como o MAPS.ME.

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CARRETERA AUSTRAL CHILE

QUANDO IR À CARRETERA AUSTRAL

Visitar a Patagônia pede verão: o inverno é rigorosíssimo na região, com temperaturas que chegam a – 20 graus. Não que o verão vá ser quente, mas em dias ensolarados é possível pegar altas próximas aos 30 graus e noites amenas. Tudo fica mais agradável e prático. A temporada oficial vai do final de setembro à abril, sendo altíssima temporada, mais provável de fazer sol, de dezembro a fevereiro. Entre setembro e dezembro a vegetação está mais florida devido à primavera e de março a abril, os tons laranjas do outono tomam conta de tudo – e também são época menos disputadas e mais baratas do que o alto verão. Contudo, saiba que mesmo em janeiro é provável que vá chover em algum momento: a Patagônia é uma das regiões mais austrais do mundo. E o clima pode variar muito em um único dia.

CARRETERA AUSTRAL CHILE

QUANTO TEMPO FICAR E O ROTEIRO IDEAL PELA CARRETERA AUSTRAL

Esta é uma viagem para quem gosta de dirigir, e em alguns momentos por longas distâncias. Você vai precisar de 7 a 10 dias para percorrer toda a extensão principal da Carretera (7 dias sem parar em nenhum destino por um dia inteiro e 10 dias parando um dia todo em Chaitén, Puyuhuapi e Puerto Tranquilo). Em menos tempo, num período de 5 dias, é possível percorrer alguns trechos da estrada praticamente sem parar, explorando atrações em bases próximas a Coyhaique (a maior cidade da Carretera e a mais próxima ao Aeroporto de Balmaceda), como o Parque Nacional de Queulat, o Cerro Castillo e a Laguna San Rafael. Já se tiver mais tempo disponível e quiser percorrer todos os 1 240 quilômetros da rota indo até o extremo sul em Villa O’Higgins, some mais 4 dias ao roteiro, totalizando duas semanas de viagem.

Dia 1 – Chegada em Puerto Montt (base em Puerto Varas, para explorar o Lago Llanquihue e o Vulcão Osorno)

Dia 2 – Ir de Puerto Montt a Chaitén; 6h de viagem

Dia 3 – Chaitén (base do Vulcão Chaitén e para o Parque Nacional Pumalín)

Dia 4 – Ir de Chaitén a Puyuhuapi; 5h de viagem

(desvio possível de 3h ida e volta, passando por Futaleufú, a capital mundial do rafting)

Dia 5 – Puyuhuapi (base para visitar o Parque Nacional de Queulat)

Dia 6 – Ir de Puyuhuapi a Coyhaique (maior cidade da Carretera Austral, base para explorar o Cerro Castillo) ou Puerto Chacabuco (base para explorar a Laguna San Rafael); 4h ou 6h de viagem

Dia 7 – Puerto Chacabuco (navegar pela Laguna San Rafael e visitar o Campo de Gelo do Norte, onde está o Glaciar Exploradores)

Dia 8 – Ir de Puerto Chacabuco a Puerto Tranquilo; 6h de viagem

Dia 9 – Puerto Tranquilo (ver as rochas de mármore da Laguna General Carrera, as chamadas Capillas de Mármol)

Dia 10 – Voltar de Puerto Tranquilo ao Aeroporto de Balmaceda (3h dirigindo), de onde se pega um voo de retorno à Santiago, ou se continua a viagem voando até Punta Arenas, na Patagônia argentina

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CARRETERA AUSTRAL CHILE

Em tempo: a Carretera Austral segue de Puerto Tranquilo a Villa O’Higgins, destino mais ao sul da estrada patagônica chilena. São mais 2 dias dirigindo, dormindo uma noite em Caleta Tortel, cidadezinha suspensa em passarelas, e seguindo para Villa O’Higgins, o bonito Lago O’Higgins e seu imponente glaciar que pode ser avistado de cima em trekkings e voos de helicóptero. Dali, o único jeito é retornar pelo mesmo caminho dirigindo de volta por outros 2 dias até Chile Chico, de onde dá pra pegar a estrada até Punta Arenas, na Argentina (cerca de mais 3 dias dirigindo, passando pelo Perito Moreno e El Chaltén), ou até Balmaceda, onde está o aeroporto, para embarcar num voo de volta à Santiago ou também Punta Arenas, seguindo viagem pela Patagônia argentina.

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CARRETERA AUSTRAL CHILE

OS PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS E ATRAÇÕES DA CARRETERA AUSTRAL

PUERTO MONTT

Lago Llanquihue e Vulcão Osorno – Segundo maior lago do Chile, na região de Los Lagos, e o lindo Vulcão Osorno (que no inverno funciona como estação de esqui) contrastando às suas margens. Dá pra fazer trilhas curtas ou longas e passeios de barco pela área.

Futaleufu-River

CHAITÉN

Vulcão Chaitén e Parque Nacional Pumalín – O vulcão dá nome ao local (famoso após entrar em erupção em 2008 e evacuar a cidade). A reserva natural de 400 mil hectares de Pumalín é porta de entrada da Patagônia com seus fiordes e glaciares, cachoeiras, florestas, rios e lagos, rica flora e fauna. Há diversas trilhas com todos os níveis de dificuldade.

FUTALEUFÚ (foto ao lado)

Futaleufú River – Capital mundial do rafting e paraíso para os esportes de aventura nas águas turquesa de seu agitado rio.

PUYUHUAPI

Parque Nacional de Queulat – Montanhas cobertas de geleiras, entre elas o Ventisquero Colgante, famoso glaciar suspenso, florestas virgens e o Lago Témpanos. Pode-se conhecer num passeio de barco de 15 minutos ou trilha de 2 horas.

COYHAIQUE

Maior cidade da Carretera Austral e Cerro Castillo – Porta de entrada para a Carretera via o Aeroporto de Balmaceda e a maior cidade desta aérea, com a melhor infraestrutura. Dali pode-se explorar o Cerro Castillo, formação montanhosa mais importante da Carretera com suas torres de pedra em frente à Laguna Cerro Castillo que lembram um castelo. Trilha de 2h até a cachoeira e o mirante e de 8h até o cume.

PUERTO CHACABUCO (foto ao lado)

Laguna San Rafael (Campo de Gelo Norte do Glaciar Exploradores) – A atração mais cobiçada da Carretera. Um catamarã navega 5 horas até a laguna, onde grupos descem em barquinhos para ver de perto o glaciar com mais de 120 quilômetros de extensão e icebergs flutuando na água. São mais 5h para voltar.

PUERTO TRANQUILO

Capillas de Mármol – Navegação pelo Lago General Carrera para ver as formações de mármore de cavernas e rochas das Capillas de Mármol, alcançadas em 10 minutos de barco.

lagunasanrafael

CALETA TORTEL

Caleta Tortel – Cidadezinha que é uma atração em si com suas passarelas suspensas sobre as águas do lago que a margeia, o Rio Baker.

VILLA O’HIGGINS

Lago e Glaciar O’Higgins – Ponto mais ao sul da Carretera, onde está o maior glaciar da região de Aysén, o Glaciar O’Higgins. São 5 horas de navegação para ir, 2 horas lá e mais 5 horas para voltar.

CARRETERA AUSTRAL CHILE

ONDE FICAR NA CARRETERA AUSTRAL

A viagem clássica de 7 ou 10 dias pede base em Puerto Montt, Chaitén, Puyuhuapi, Coyhaique ou Puerto Chacabuco e Puerto Tranquilo.

PUERTO MONTT

Enjoy Puerto Varas (diárias desde US$ 89) – Climinha clean, intimista, iluminação indireta, poesias pelas paredes, a 5 minutos a pé do centrinho de Puerto Varas, a vizinha mais charmosa de Puerto Montt, cidade inicial da Carretera, a pouco mais de 20 quilômetros dali. Spa, piscina coberta aquecida e jacuzzi e a vista privilegiada do Vulcão Osorno complementam a estadia.

CHAITÉN

Yelcho en la Patagonia (diárias desde US$ 101) – Uma linda residência tipicamente alpina é a base dos oito quartos da propriedade, com janelões revelando seu lindo jardim, onde outras seis aconchegantes cabanas de madeira estão dispostas. O lodge é base para visitar o Vulcão Chaitén e para o Parque Nacional Pumalín. O lago em frente é um paraíso da pesca.

PUYUHUAPI (foto ao lado)

Puyuhuapi Lodge & Spa (diárias desde US$ 350 em pensão completa) Encravado num silencioso fiorde isolado, o hotel promove a desconexão e a interação total com a natureza: não há Wi-Fi, TV ou qualquer eletrônico no lobby ou nos quartos. Em vez deles, jogos de tabuleiro, uma receptiva lareira com aconchegantes sofás e mesinhas bem dispostas na sala principal e um bar, promovendo a interação entre os hóspedes antes do jantar no restaurante local, que propõe desfrutar da culinária típica patagônica – o cordeiro assado é um dos pratos mais tradicionais. Spa, poços de água termal, trilhas e caiaque e stand up paddle são os atrativos para passar o dia, além das excursões para o Parque Nacional de Queulat e seu glaciar acima das montanhas.

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COYHAIQUE

Nomades Hotel Boutique (diárias desde US$ 230)– Na maior cidade da Carretera Austral, o Nomades tem o melhor dos dois mundos: está situado numa rua movimentada e ao mesmo tempo tem, em seu quintal, vista para um maravilhoso vale, o barulhinho do rio correndo logo abaixo e a neve enfeitando o topo das montanhas. Décor rústica alpina remetendo aos habitantes nômades de Tehuelche (os patagônicos originais), todos os quartos com janelas que ocupam a parede toda quase do chão ao teto revelando a natureza ao redor e restaurante que serve menu personalizado de comida típica (de acordo com as preferências dos hóspedes) e vinhos orgânicos.

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PUERTO CHACABUCO

Loberías del Sur (diárias desde US$ 85) – Se a ideia é resolver estadia, passeios e alimentação tudo no mesmo combo, optando por fazer uma base principal e de lá ir e voltar às atrações da região, o Loberías é a pedida. Suas acomodações são três-estrelas, enquanto seus tours são bem mais que isso: pense em vans, ônibus e embarcações modernas, feitas para viagens de excursões, que contemplam quase que todos os passeios do Norte da Patagônia chilena, sendo a navegação até a Laguna San Rafael a mais procurada. Agora, a praticidade também tem seu preço: é comum gastar 3, 4, 5 horas por dia só para chegar ao ponto turístico, e depois o mesmo para voltar. Cansativo.

terralunalodge

PUERTO TRANQUILO

Terra Luna Lodge (diárias desde US$ 106) – Melhor que ficar sem infraestrutura povoado de Puerto Tranquilo, onde estão as Capillas de Mármol, é seguir mais uma hora até Chile Chico, onde está localizado o Terra Luna Lodge. Às margens do grande lago Lago General Carrera, o maior da Chile, e em frente ao Monte San Valentin, tem cabanas e iglus confortáveis para aventureiros. O hotel também organiza helitours pelas paisagens gélidas da Patagônia: você troca a recompensa de trekkings de 8 horas por um voo de helicóptero de 30 minutos.

*Carretera Austral Chile: O Carpe Mundi viajou à Carretera Austral com apoio do Turismo do Chile e da LATAM. Este post reflete unicamente a opinião da autora.

Anna Laura

Um dos maiores nomes do turismo no Brasil, Anna viaja há 10 anos em busca de construir um mundo mais consciente, sustentável e a favor da natureza, propondo mais autoconhecimento através de suas experiências pelo globo. Jornalista por formação e fotógrafa por vocação, é editora do Carpe Mundi e Co-founder da plataforma de curadoria em aluguel de temporada Holmy, 100% nacional e de equipe feminina.

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