Viajar nem sempre é apenas sobre fronteiras físicas, às vezes, é também navegar por narrativas que mudam com o tempo, conforme os nomes dos lugares desaparecem, renascem ou se transformam.
Sabe quando alguém insiste em chamar uma rua de Rua da Biquinha, mesmo que a placa diga Avenida Marechal? Esse fenômeno é chamado por alguns geógrafos de cartografia afetiva, e aqui vamos falar melhor sobre ela.
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ÍNDICE
- O que é cartografia afetiva?
- Por que alguns lugares têm mais de um nome
- Nomear é um ato político
- Cartografia afetiva exemplos
- Quem tem o direito de nomear o mundo?
- O que isso muda pra quem viaja?
O que é cartografia afetiva?
Cartografia afetiva é quando mapas deixam de representar só ruas, praças e fronteiras físicas para também refletir memórias, afetos e identidades. Na prática, é aquilo que acontece, por exemplo, quando moradores seguem chamando uma rua, um bairro ou uma praça por um nome antigo, carinhoso ou simbólico, mesmo que o nome oficial seja outro.
Por que alguns lugares têm mais de um nome?
Nem sempre os nomes dos mapas são os mesmos usados no dia a dia. E isso acontece por diferentes motivos. Às vezes, porque o nome oficial mudou, mas o antigo permaneceu na boca do povo. Outras vezes, porque aquele nome nunca foi oficial, mas surgiu de uma referência afetiva, de uma história local ou de uma característica marcante do lugar.
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Nomear é um ato político
Mudar o nome de um lugar é um ato simbólico poderoso: pode significar ruptura, celebração, apagamento ou reivindicação.
Após a queda de regimes autoritários, é comum que praças e avenidas sejam renomeadas para refletir novos tempos. Da mesma forma, comunidades indígenas e quilombolas frequentemente lutam para que seus territórios sejam reconhecidos com nomes originários, recuperando saberes e geografias que precedem a colonização. Em algumas cidades, esse movimento vem de baixo para cima: moradores rebatizam espaços por conta própria, criando nomes populares que resistem ao tempo.
Cartografia afetiva exemplos
- Em Salvador, o Largo do Pelourinho convive com nomes simbólicos que remetem à herança afro-brasileira e à resistência negra.
- A Praia do Leme, no Rio de Janeiro, tecnicamente é um pedaço da Praia de Copacabana, mas todo carioca diferencia claramente o Leme como um bairro e uma praia à parte, com identidade própria.
- As ilhas da Baía do Guajará, em Belém, têm nomes diferentes dependendo do grupo. Pescadores usam um nome, moradores outro, e os mapas oficiais outro completamente diferente.
- SoHo e Tribeca, em Nova York, são nomes criados de maneira informal (SoHo = South of Houston Street, Tribeca = Triangle Below Canal Street) que acabaram se tornando oficiais e mundialmente conhecidos.
Quem tem o direito de nomear o mundo?
Enquanto o GPS indica uma coisa, a boca do povo diz outra. E nesse conflito de nomes está também o conflito de narrativas: quem tem o direito de nomear o mundo? Em tempos digitais, essa transformação também ganha uma dimensão visual. Aplicativos de mapas, redes sociais de geolocalização e plataformas de turismo muitas vezes incorporam ou rejeitam esses nomes alternativos. Alguns sites, por exemplo, adotam designs que refletem esse dinamismo cartográfico, misturando o oficial com o popular.
É o caso de páginas como https://crazycoinflipcassino.com.br/, que investem em uma estética fluida, inspirada em múltiplos elementos visuais e simbólicos. Embora voltado a um nicho específico, o site ilustra bem como a navegação digital também pode acolher esse jogo entre o fixo e o mutável — com menus e imagens que remetem a experiências visuais que mudam de contexto conforme o usuário se movimenta. Essa lógica de interfaces maleáveis guarda uma certa semelhança com os mapas afetivos urbanos: eles também se reorganizam a partir do ponto de vista do sujeito.
O que isso muda pra quem viaja?
Para o viajante atento, esses nomes paralelos são a oportunidade de descoberta cultural genuína, e não apenas de paisagens, mas de sentidos. Eles não aparecem nos guias turísticos tradicionais, mas podem ser ouvidos em conversas com moradores, vistos em artes ou registrados em diários de viagem, convidando o turista a abandonar o papel de consumidor e tornando-se um escutador de histórias
Percorrer lugares que mudam de nome é, afinal, reconhecer que o mundo está em constante reinvenção. E que viajar é, também, aprender a chamar cada lugar pelo nome que ele deseja ter.