Até agora, o Panamá provavelmente foi daqueles países que passou despercebido na sua lista de viagens. O máximo de contato deve ter sido numa escala com a Copa indo pra algum outro local do Caribe ou para os EUA.

Acontece que o Panamá guarda um segredo ainda mal disseminado entre os brasileiros, um paraisinho de ilhas e ilhotas banhadas por um mar azul capaz de competir com a Polinésia Francesa e superar outras tantas praias tropicais de peso. Esse lugar se chama SAN BLAS e está possivelmente entre os destinos mais belos e preservados do mundo. E, desde já, vai passar a dominar seu ranking de viagens dos sonhos.

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SAN BLAS, NO PANAMÁ: TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER

Antes de mais nada, O QUE É SAN BLAS?

San Blas é um imenso arquipélago com 365 ilhas e ilhotas de areia branquinha e fininha protegidas pelas sombras de coqueiros e banhadas pelas matizes azuis do Mar do Caribe, no Panamá. Território indígena situado na região de Kuna Yala, é comandado pelos kunas, os índios locais, que garantem a preservação e administram o turismo – o que é bom, pois mantém o destino autêntico. A 2h de carro da Cidade do Panamá, pode ser visitado tanto num tour de um dia (mas fica a dica que você vai embora querendo voltar) como numa viagem mais longa, melhor hospedado num veleiro pra não abdicar do conforto e poder conhecer mais ilhas e com mais liberdade.

Importante: essa não é uma viagem luxuosa, mas sim de EXPERIÊNCIA. Será uma das paisagens naturais mais lindas que você vai ver na vida.

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san blás, panamá

COMO CHEGAR EM SAN BLAS?

São 2h de estrada desde a Cidade do Panamá, entre subidas e descidas e curvas e mais curvas sinuosas que deixam muita gente enjoada. Como o território de Kuna Yala (onde fica San Blas) é administrado pelos kunas, os índios dessa região panamenha, só são permitidos veículos 4×4 cruzando a “fronteira” entre o Panamá e a comarca indígena. Ali, seu passaporte vai ser vistoriado e você vai precisar pagar uma taxa de US$ 20 (leia mais sobre taxas abaixo). Dá tanto pra fazer o trajeto por conta, alugando um carro 4×4, ou contratando um transfer desde a Cidade do Panamá. O ideal e mais fácil é arranjar o traslado já com a empresa que você fechar o tour ou viagem pra San Blas. Chegando lá, vale lembrar que existem dois portos na área: o Barsukun e o Carti, de onde você vai pegar um barquinho até a ilha ou veleiro em que for ficar.

A outra forma de chegar em San Blas é de avião, com a Air Panama. As tarifas, contudo, são carinhas, na faixa dos US$ 200 por pessoa (ida e volta), e não há voos todos os dias. Você voa até o aeroporto El Porvenir e de lá pega também uma embarcação que te leva até a ilha ou veleiro escolhido. Em tempo: esses voos saem do aeropoto de Albrook, mais próximo do centro da cidade, e não do de Tocumen, das chegadas internacionais da Copa Airlines.

QUANTO CUSTA VIAJAR PRA SAN BLAS?

Depende do tipo de visita que você vai fazer em San Blas. Mas, seja ela qual for, tem alguns gastos que não dá pra fugir, uma vez que são os kunas que administram o turismo por ali.

TOUR DE UM DIA EM ILHA: cerca de US$ 100 por pessoa, com transfers incluídos e refeições. Vale lembrar: esses tours contemplam normalmente só uma ilha.

TOUR DE UM DIA EM VELEIRO: cerca de US$ 150 por pessoa com almoço (mas sem transfers). Garante mais conforto e liberdade pra explorar San Blas.

DIÁRIA CAMPING: a partir de US$ 10 por noite por pessoa, levando a sua própria barraca. Em tempo: a maioria das ilhas não possui nem energia elétrica, por isso prepare-se pra estar por conta própria, até na questão da comida.

DIÁRIA HOTELZINHO KUNA: a partir de US$ 50 por noite por pessoa (sem transfers). Vale lembrar bem lembrado que a maioria das opções de hotéis, ou cabanas kunas são muito simples. Há um ou outro mais improvisado que tem até varandinha com rede e sai por cerca de US$ 100 a noite, mas veja bem, ainda assim o serviço é bem precário.

DIÁRIA VELEIRO: a partir de US$ 200 por dia por pessoa com 3 refeições, bebidas e lanches (sem transfers). ,Novamente: é sem dúvidas, a melhor opção de estadia em San Blas.

TAXAS: US$ 20 na fronteira por pessoa + US$ 40 por pessoa (ida e volta) pra embarcação kuna te levar até a ilha em que você for ficar ou veleiro.

TRANSFER: US$ 50 por pessoa (ida e volta) em transfer compartilhado ou US$ 150 (ida e volta) por um carro privado. De avião, sai na faixa dos US$ 200 por pessoa (ida e volta).

REFEIÇÕES: em tours de um dia, o almoço está incluído e na estadia em veleiro também. Mas se ficar em camping ou hotel kuna, vai gastar em média US$ 10 por pessoa por refeição em barracas de comida nas ilhas, mais o transporte até lá.

TRANSPORTE ENTRE ILHAS: também só vai precisar quem ficar em ilha. Um barquinho sai por cerca de US$ 20 pra te levar até outra ilha.

QUANDO IR A SAN BLAS?

O tempo é, talvez, um dos únicos “inimigos” de San Blas. A alta temporada vai de dezembro a abril, quando teoricamente não chove e os dias são abertos e de sol. Mas mesmo nesses meses você pode esperar por gotas de água caindo do céu e muitas nuvens encobrindo San Blas – a umidade dessa região faz ser inclusive difícil de pegar um dia com céu bem, bem azul. Mesmo o dia mais azul do ano vai ter uma leve neblina pairando no ar. Tente evitar outubro e novembro, que são os meses mais chuvosos. Mas, mesmo assim, não tem risco de furacões.

QUANTO TEMPO FICAR EM SAN BLAS?

Se você pode ficar uma semana, fique uma semana. São 365 ilhas e ilhotas pra conhecer, algumas delas mais distantes onde você só chega após um dia de navegação. Mas se só tiver um ou dois dias no Panamá entre uma conexão, também não tem problema. Aproveite esse tempo pra fazer um bate-volta num tour de um dia pelo burburinho das ilhas mais centrais e famosas de San Blas.

VALE A PENA FAZER UM TOUR DE UM DIA?

Se é só esse o tempo que você tem, com certeza! Mas pense bem se não vale a pena organizar mais dias no Panamá pra poder conhecer San Blas melhor. Se mesmo assim optar pelo tour de bate-volta, são duas opções: você pode contratar um passeio que te leve da Cidade do Panamá a alguma ilha de San Blas onde você vai passar o dia (o único problema é que essas ilhas costumam ficar literalmente lotadas, principalmente nos fins de semana) ou fechar um veleiro pra navegar por San Blas por um dia, com o pró de poder descer em até 3 ilhas durante esse tempo.

INDICAÇÃO DE TOUR DE UM DIA: Com a empresa San Blas Experience.

Quero ficar mais tempo. VELEIRO ou HOTEL KUNA?

As duas maiores vantagens de planejar a viagem ficando em um barco são o conforto e as facilidades de locomoção pra explorar as ilhas da região, além de ser uma experiência muito mais especial vivenciar o destino de dentro da água. Primeiro porque os donos dos barcos são, quase que em 99% dos casos, estrangeiros radicados em San Blas que oferecem serviços de hospedagem em padrões internacionais (não estou falando aqui de luxo, até porque quem busca esse tipo de viagem não está atrás da vivência 5 estrelas, mas sim de explorar um destino onde o nível paradisíaco alcança a pontuação máxima). Ou seja, você pode esperar por energia elétrica, uma cabine confortável com lençóis limpinhos, banheiro com água quente e refeições gostosas no seu tempo em San Blas.

Em tempo: vale lembrar que ficar em um veleiro é, também, ser um hóspede na “casa” daquelas pessoas. O capitão do veleiro é também o dono do barco e, na maior parte do tempo, mora ali. Claro que ninguém vai esperar que você lave a louça depois do jantar, até porque você vai estar pagando um valor bom pela estadia e pelos serviços em geral, mas vale ter cuidados extras com o lar do outro e se oferecer sim pra fazer uma coisinha ou outra pra ajudar, se possível.

INDICAÇÃO DE VELEIRO

Angelique II O Carpe Mundi já testou duas vezes a embarcação, um catamarã de 140 metros quadrados para até 6 hóspedes, todo bem conservado. O Giambattista, dono do barco, é um italiano que fala um pouquinho de português e cozinha muitíssimo bem. As refeições vão ser um ponto forte na sua estadia. Ele está em San Blas já há alguns anos e conhece o arquipélago como ninguém. (desde US$ 200 por pessoa por noite, com refeições)

Site legal pra procurar mais embarcações: Life Sailing Experience.

CAMPING / CABANA KUNA

Já ficar em campings ou hotelzinhos kunas é abrir mão de ter um serviço bom por algo bem mais razoável e rústico – algumas das cabanas tem até areia no chão e o espaço é compartilhado por até 10 pessoas. Não dá pra criar muitas expectativas com a hospedagem. Fazer refeições também fica mais complicado, especialmente se a ilha em questão não dispor de infra de barracas de restaurantes. Mas sempre se dá um jeitinho: algumas famílias kunas costumam cozinhar para os hóspedes da ilha sem problemas.

Se for o que você pode bancar e prefere no momento, ótimo. A paisagem vai superar em muito o fato de você estar saindo da sua zona de conforto.

INDICAÇÃO DE HOTELZINHO / CABANA KUNA: As cabanas de palha da ilha COCO BLANCO são para duas pessoas e dispõe de energia elétrica, banheiro privativo e água doce. Outro pró é que a ilha não recebe visitantes de um dia, apenas hóspedes. Reservas: [email protected](desde US$ 100 por pessoa por noite, com refeições)

Outras ilhas com cabanas kunas pra alugar, porém mais simples: Franklin, Chichime, Perro Grande e Chico.

Em tempo: se for reservar hotel, certifique-se de que ele fica perto da região das ilhas burburinho de San Blas, próximas ao portos de Barsukun e Carti, pra não passar por incômodos depois. Há estabelecimentos que ficam em regiões mais afastadas onde só se chega após 8 horas de estrada, por exemplo, sem falar que é difícil conseguir transfer. Em outros dá pra chegar de voo, indo pra aeroportos como o de Playón Chico, mas mesmo assim há poucos voos por semana, são caros e é aquilo: você acaba preso em uma ilha distante e isolada, sendo que poderia estar pulando de ilha em ilha e conhecendo a real beleza de San Blas.

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QUAIS SÃO AS MELHORES ILHAS PRA VISITAR?

Você pode fazer essa pergunta pra uma série de kunas e velejadores locais: todos vão te enrolar pra responder. Porque é mesmo difícil eleger os cantinhos mais belos e atraentes de San Blas. Na Isla Pelicano você não deve conseguir dar mais de 30 passos de uma ponta a outra, o que traz um charme a mais ao pedaço de terra ocupado apenas por uma cabana kuna, algumas poucas palmeiras e banhado por piscininhas naturais muuuito azuis. Já a Isla Perro Chico é ótima pra fazer snorkel: há um navio afundado com mil peixinhos coloridos (mas prepare-se: é daquelas ilhas que nos finais de semana, lotam). A Isla Salardup é a das estrelas do mar, onde você pode ver várias delas colorindo a água cristalina. E a Isla Chichime é uma das maiores e mais agitadas, onde muita gente acampa, mas também é bem bonita por sua extensão.

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Anna Laura

Um dos maiores nomes do turismo no Brasil, Anna viaja há 10 anos em busca de construir um mundo mais consciente, sustentável e a favor da natureza, propondo mais autoconhecimento através de suas experiências pelo globo. Jornalista por formação e fotógrafa por vocação, é editora do Carpe Mundi e Co-founder da plataforma de curadoria em aluguel de temporada Holmy, 100% nacional e de equipe feminina.

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