Tem muito mais bicho do que gente na Kangaroo Island. Isolado no sul da Austrália, esse pedaço de terra com três vezes o tamanho da cidade de São Paulo e parcos 4 mil habitantes é um microcosmo insular da natureza especialíssima do país: entre arbustos e árvores de variedades diversas de eucalipto, cangurus e wallabies (um marsupial menor) correm sem cerimônia, equidnas (um mamífero que bota ovo e parece um porco-espinho) cavam buracos na beira das estradas, 260 espécies de pássaros voam pelo céu e focas, lobos-marinhos e golfinhos aparecem nas praias ou bem perto delas – 50% da área é protegida por parques e áreas de conservação. Ah, sim, temos praias: no perímetro da ilha, rochedos enormes encimam faixas de areia selvagens com águas azuizinhas. Há pouquíssimos hotéis, mas temos uma boa dose de restaurantes, vinícolas (a região de South Australia, da qual a ilha faz parte, é a capital do vinho no país) e lugares que produzem queijo, gin, mel e outras coisinhas para degustar. Veja aqui nosso miniguia de Kangaroo Island, na Austrália.

Como chegar a Kangaroo Island

Há balsas para a ilha saindo de Cape Jervis, a 100 km da cidade de Adelaide, que chegam lá em 45 minutos (US$ 49 por pessoa). Também há voos com a Regional Express saindo de algumas cidades para Kingscote, capital da Kangaroo Island, mas o preço é bem salgado.

Quando ir a Kangaroo Island

Nos meses de verão, de dezembro a março, quando dá para pegar praia (mas leve em conta que a temperatura máxima é cerca de 25 graus – estamos num lugar de clima mediterrâneo). Os animais estão lá o ano todo, claro, mas dói um pouco ver aquelas praias lindas de moletom. De maio a setembro pode chover.

Como se locomover na Kangaroo Island

Alugando um carro (e tomando muuuito cuidado para dirigir à noite, atropelamentos de animais são comuns). Quem quiser um esquema com mais mordomias pode fechar um tour guiado com transporte com a empresa Kangaroo Island Wilderness Tours, que tem carros 4×4 potentes.

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Snellings-Beach

O que fazer na Kangaroo Island:

CURTIR AS PRAIAS

Esqueça o visual praiano com o qual você está costumado; aqui é mais provável que você veja um wallaby do que um vendedor ambulante. Predomina uma atmosfera selvagem e pouquíssima gente à vista. A mais afamada da ilha é Vivonne Bay, uma praia plana onde o mar encrespado (para o surf) atinge tons belíssimos de azul-turquesa. Também com ondas, Pennington Bay é alcançada por uma ponte que fica linda no Instagram. Para nadar, melhor ir às praias no norte da ilha, como Snellings Beach. Na Stokes Bay, há uma passagem estreita entre as pedras que leva a uma pequena baía com mar tipo piscininha e faixa de área larga.

VER COALAS E CANGURUS POR TODA PARTE

Estima-se que há cerca de 60 000 mil (!) cangurus na ilha (eles não têm predadores), de uma subespécie só existente ali – eles são baixinhos e acinzentados no geral, mas às vezes avista-se uns grandões. É só sair cedinho ou no fim da tarde para vê-los aos montes pelos campos. Para os coalas precisa apurar o olhar e levantar a cabeça em direção ao alto dos eucaliptos, onde eles se encarapitam e comem e dormem sem pressa nenhuma. O Kangaroo Island Wildlife Park, que cuida de animais órfãos e doentes, é um dos poucos lugares da Austrália onde você pode pegar um coala no colo (sempre meio polêmico poder tocar em animais selvagens, mas que é fofo, é).

CHEGAR BEM PERTO DE FOCAS NA SEAL BAY

Você chega no centro de visitantes, aprende um pouquinho sobre os bichos, paga uma taxa (US$ 16), segue por passarelas de madeira e tchanan, lá estão elas, vivendo numa boa nessa praia. É recomendado manter certa distância e sempre andar em grupo, mas é um encontro natural emocionantes com elas e dá para tirar fotos incríveis dos seus corpos roliços esparramados na areia.

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OBSERVAR LOBOS-MARINHOS NO ADMIRALS ARCH

No sudoeste da ilha, esse enorme arco de rocha cai muito bem na paisagem junto ao mar e a vegetação virgem. Uma passarela de madeira com corrimão que lembra que apesar de remoto estamos no primeiro mundo leva por um caminho da onde você pode observar de camarote a colônia de lobos-marinhos-da-nova-zelândia que vivem ali, se esbaldando nas piscininhas formadas pela água do mar entre as pedras. Simplesmente incrível.

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VER AS REMARKABLE ROCKS

Levou estimados 500 milhões de anos da ação da chuva, do vento e das ondas para esculpir essas pedras alaranjadas de granito, com formatos diversos. É possível caminhar entre elas e curtir a vista 180 graus para as baías ao redor, numa imensidão tão cheia e tão vazia que dá um nó na cabeça. Fiquei na dúvida de quanto tempo fazia que eu não via uma natureza tão intocada.

FAZER SNORKEL COM GOLFINHOS

Feitos com a Kangaroo Island Ocean Safari, os passeios de barco que levam a pontos variados da ilha e ver grupos de golfinhos nadando entre a água turquesa, com a possibilidade de nadar com snorkel bem pertinho deles (eles emprestam roupas de neoprene).

PROVAR OS VINHOS (E O GIN!) FEITOS NA ILHA

A brisa que vem do mar e a grande amplitude térmica dão um toque especial nos vinhos feitos na ilha – são cerca de 26 propriedades. Vá a Dudley Wines para fazer uma degustação (peça os rosés) e o restaurante, que tem boas pizzas e salão virado para o mar – as mesinhas no gramado na parte debaixo dão boas fotos. A The Islander é propriedade do francês Jacques Lurton, de Bordeaux, e faz vinhos ao estilo do país – peça pra provar o Wally na casinha bonita que serve também de loja. Outra parada alcoolica é a Island Spirits, a primeira destilaria de gin na Austrália. Além das boas bebidas, há um bar com jardim e mesinhas espalhadas.

COMPRAR MEL E QUEIJO DE OVELHA

Kangaroo Island é habitada por uma população de abelhas da Ligúria, levadas para lá pelos europeus no passado – você pode comprar mil produtos de mel (alimentícios e cosméticos) na Island Beehive. Já na Island Pure eles produzem delicinhas feitas com leite de ovelha, como queijo, iogurte e sorvete.

JANTAR NO SUNSET FOOD & WINE

Dos melhores restaurantes da ilha, trata-se de um bistrô moderninho com janelões que dão para a bela American Beach.​ O menu usa de ingredientes da ilha e do sul da Austrália e oferece pratos como garupa de cordeiro (corte feito com parte do lombo e do pernil) com berinjela e alho negro – há opções para vegetarianos, como o nhoque de ricota com cogumelos. Nas noites de sexta e sábado serve-se um menu-degustação primoroso (mas daí não dá para admirar a vista).

+ ATIVIDADES

Outro rolê divertido é o tour de quadricíclo da Kangaroo Island Outdoor Action, feito por estradinhas de terra entre a flora local e campos da curiosa “yacca” (ou grasstree), com seus tufos de folhas fininhas espetadas. Há paradas para ver coalas e cangurus, claro. Para quem curte trilha, pense em fazer o trekking de 61 km que atravessa belas partes da ilha em cinco dias.

Onde ficar na Kangaroo Island

A oferta hoteleira na ilha é relativamente escassa, por isso vale olhar o Airbnb porque há belas villas e cabanas para alugar. Para gastar menos, fique no simpático Pelican Lagoon Lodge (diárias desde US$ 122) ou no The Fig Tree B&B (diárias desde US$ 68). O Sea Dragon Lodge (diárias desde US$ 471) já está em outro patamar, com quartos bonitos e localização abençoada em cima de um morro, com vista para o mar. O auge do luxo na ilha é o exclusivíssimo Southern Ocean Lodge(foto abaixo) (diárias desde US$ 1000), com spa, restaurante top e excursões privadas.

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*O Carpe Mundi foi à Kangaroo Island a convite do Tourism Australia. O conteúdo do post reflete apenas a opinião da autora.

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