Se você é maluco por viagens como a gente, já deve ter ouvido muito: por que você não começa um blog?

Afinal, quão maravilhosa parece a vida do pessoal nas redes sociais que vive na estrada e consegue ganhar dinheiro com isso? Veja aqui como montar um blog de viagem.

Só que, por trás das mil maravilhas dos cliques perfeitos do Instagram, há uma verdade não tão legal – ou fácil – de encarar. Montar um blog dá um trabalhão, requer comprometimento, maturidade, disciplina, dinheiro (sim, dinheiro!) e empenho num nível mil, sem nenhum chefe pra te cobrar ou empresa pra depositar salário na conta ao fim do mês (pelo menos no começo). E sair desse começo pra transformá-lo em algo rentável é um grande desafio.

COMO MONTAR UM BLOG DE VIAGEM EM 10 PASSOS:

1) TENHA MUITA CERTEZA DE QUE É ISSO MESMO QUE VOCÊ QUER

Pode parecer o item mais bobinho, mas pra mim é a lição mais importante do post. Entenda se o que você quer é montar um blog PROFISSIONAL, pra tentar de fato viver disso, ou se o que você curte mesmo é escrever sobre suas viagens como hobby pra um punhado de pessoas lerem (o que é ótimo também). Como blogueiro profissional, sim, você viaja de graça, mas também tem mil outros momentos trabalhosos, chatos e difíceis, como em qualquer outra profissão. E, como eu já disse, no início é ainda mais complicado porque você deposita 100% do seu tempo em algo que não te dá rentabilidade nenhuma. Portanto, tenha certeza de que quer – e pode – entrar nessa.

2) DEFINA UM NICHO

Blogs não são um formato de comunicação novo, mas vêm sendo muitíssimo aprimorados. Ainda existe espaço pra se lançar nessa empreitada, mas antes disso você precisa entender o que você fará de diferente e trará de melhor ao mundo dos blogs. Você curte mochilão e quer falar de roteiros baratos? Vai focar numa cidade só? Ou apenas em ecoturismo ou luxo? Minha única objeção é a tomar cuidado e não se perder sonhando com nichos muito pequenos, como por exemplo um blog só sobre viagens internacionais com cachorros, ou sobre um destino único que não tenha tanta novidade e nem atributos capazes de manter um bom fluxo de posts, como, sei lá, o Deserto do Atacama. O nicho também pode ser um jeito de abordar os assuntos (aqui no Carpe Mundi a gente prioriza textos mais jornalísticos do que pessoais, com mais cara de guia do que historinha das nossas viagens) e a identidade do blog (nós focamos em ter uma identidade visual forte, principalmente fotográfica). Depois disso é hora de fazer um brainstorming de nomes e então tocar o projeto adiante.

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3) CRIE UM LAYOUT (melhor pagando um programador pra fazer)

Como montar um blog: vivemos um fenômeno de popularidade no mundo virtual chamado blogs de viagem. Todo mundo quer ter um. É por isso que você precisa se diferenciar como puder do que já existe no mercado, e isso começa com o layout, a cara, corpo, primeira impressão do seu blog. Vale fazer uma boa pesquisa pelo que existe no Brasil e no exterior, identificar o que te agrada e montar (pode ser no papel mesmo) o que você imagina como home, como categoria, como post. E então trabalhar em cima disso com um programador e um designer, que sabem dizer o que é e o que não é viável. Eu sinceramente aposto muito nessa ideia porque te deixa num patamar acima dos concorrentes, que usam temas comuns do WordPress. Foi um dos pontos principais para a montagem do Carpe Mundi. Um layout bacana não vem de graça, a não ser que você mesmo tope aprender mais sobre programação.

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COMO MONTAR UM BLOG DE VIAGEM EM 10 PASSOS:

4) COMECE A ESCREVER E MANTENHA UMA FREQUÊNCIA DE POSTS

Faz parte do nicho, mas só sai mesmo do papel quando você põe a mão na massa e encontra seu tom, sua linguagem de fazer posts. O meu jeitinho de escrever posts é bem diferente do da Betina, que é diferente do de fulano e por aí vai. Aqui, sugiro muita autenticidade, afinal é isso que vai fazer seus leitores se identificarem com você e voltarem ao blog pra ver as novidades. Seja crítico e tente sair do clichê de mar de adjetivos usado por muitos veículos de viagem. Se você não tiver muita prática, é legal fazer algum curso de escrita antes de começar a enxurrada de posts – mesmo eu, como jornalista, tive um ponto-chave na produção quando fiz aulas de escrita criativa de viagem. O retorno disso é tanto que a maioria dos comentários que recebemos hoje em dia é sobre como nosso texto é legal e completo, diferente da maioria. E, com base em tudo o que eu e a Betina aprendemos, lançamos há pouco nosso MINICURSO DE ESCRITA PARA BLOGS DE VIAGEM. Quem tiver interesse em uma vaga, só mandar email para [email protected]. A partir daí é importante manter uma certa frequência nos posts. Aqui no Carpe Mundi a gente tenta fazer uma média de quatro novos posts por semana – pode não parecer tanto assim, mas acho que ninguém de fora do ramo tem ideia do trabalho que dá tirar a ideia de um post da cabeça e passar por todo o infinito processo de torná-la um post publicado. O que nos leva a…

5) APRENDA O MÁXIMO QUE PUDER SOBRE PRÁTICAS DE SEO E GOOGLE ADWORDS

Como montar um blog: escrever pra Internet exige uma linguagem específica – a mais clara e limpa possível pro Google entender, ou melhor, indexar. SEO quer dizer Search Engine Optimization. E Google AdWords quer dizer caçar os termos mais procurados no Google e fazer disso a peça-chave do seu post. Eu fiz alguns cursos rápidos de SEO antes do Carpe Mundi, então sai com certa vantagem. Tem muita coisa disponível de graça na Internet pra quem quer aprender mais sobre o assunto. Indico muito, muitíssimo, o Viver de Blog pra se ligar mais no assunto. Basicamente, as práticas dizem respeito a termos que você deve repetir no post pra torná-lo melhor posicionado no Google, jeitinhos de nomear fotos, parágrafos em que certas palavras devem estar… A busca orgânica (que vem do Google) representa sempre a maior fatia de visitas de um site. Por isso, investir em SEO é uma decisão esperta. No AdWords, a ideia é descobrir termos que são frequentemente pesquisados no Google e a lacuna de conteúdo a ser preenchida, que pode te trazer acessos fáceis se você aprender a ler o recurso. O Viver de Blog também explica melhor sobre.

COMO MONTAR UM BLOG DE VIAGEM EM 10 PASSOS:

6) INVISTA

Como eu expliquei, um blog é uma empresa – e requer gastos de empresa. São itens que não acabam: sempre há algo a corrigir, mudar ou melhorar na programação, por isso é ideal ter alguém fixo te ajudando mensalmente; consultorias com especialistas em SEO ajudam a identificar erros e ver no que o blog precisa melhorar em termos de indexação e afins; promover posts – e a própria página – no Facebook é o melhor tipo de publicidade a ser feita, a que dá mais retorno, acessos e leitores que ficam; ter uma assinatura num banco de imagens ajuda a manter a qualidade fotográfica em posts sobre destinos que você não tem material (algo importante pra gente aqui no Carpe Mundi); ter um designer gráfico por perto auxilia na implementação das mudanças de programação e, a nós, em itens como produzir a nossa newsletter. E tem mais coisa. Por isso, volto a dizer: trabalhar viajando de graça, é lindo, mas não paga a conta do cartão de crédito e, no início, dá mais prejuízo do que lucro, já que você precisa, além de tudo, investir bem no negócio.

7) MANTENHA UM BOM NETWORKING

Em tempos em que todos influenciam e são influenciados, só pode se considerar um digital influencer, blogueiro, instagrammer, o que for, quem faz disso uma profissão de verdade. E, além de um concorrente, você pode encontrar em outros blogs bons parceiros. Já perdi as contas de quantas vezes uma foto repostada em outros perfis do Instagram me rendeu centenas de novos seguidores. Ou de quando precisei do contato de um hotel, destino ou representação turística e pude contar com outro blogueiro pra me passar. Fazer networking também significa manter um bom relacionamento com as empresas do mundo do turismo em geral, com assessorias de imprensa e representantes de destinos, companhias aéreas, hotéis, cruzeiros, operadores, etc. São eles que te levam pra press trips e oferecem auxílios com hospedagem, transporte e pautas no geral. Eu e a Betina temos um bom mailing porque já trabalhamos em outros veículos como a revista Viagem e Turismo, mas sempre seguimos expandindo nossa lista de contatos com assessorias que ainda não sabem quem somos seja por um email, um direct no Instagram, como for. Também vale participar das principais feiras de turismo nacionais que acontecem todo ano visando pegar contatos. Nós sempre vamos na ABAV, na WTM e na ILTM. Enfim, você sempre pode começar do zero e, dentro de um tempo, ter um lista recheada de profissionais do turismo.

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COMO MONTAR UM BLOG DE VIAGEM EM 10 PASSOS:

8) ALIMENTE AS REDES SOCIAIS

Quem não aparece não é visto. Ter um perfil do Instagram, uma página do Facebook e um canal no Youtube são pré-requisitos pra blogueiros (ponto negativo pro Carpe Mundi aqui, nosso canal do Youtube precisa de um gás pra ontem). Snapchat, Pinterest, Twitter e afins também não fazem mal. Existe essa necessidade por parte do público de conhecer melhor quem está por trás da tela do computador. Afinal, se você acompanha as viagens, histórias e dicas de alguém, é natural que queira conhecer mais sobre essa pessoa com o passar do tempo. Você cria afinidade. Outra coisa importante é sempre responder aos comentários dos seus leitores/seguidores. Isso cria uma ligação ainda mais forte entre a sua marca (no caso seu blog) com quem a consome. Por último, não aposte em apenas uma rede social. Diversifique seus meios. As redes fazem parte de uma sociedade “líquida”, instável, que sempre muda. É bem provável que dentro de poucos anos surja algo maior e melhor que o Instagram, talvez não pra ocupar seu lugar, mas com outro papel. E você precisará estar lá também.

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9) TRABALHE MESMO QUANDO ESTIVER VIAJANDO

Conforme um blog vai crescendo, os convites de parcerias começam a aumentar. Hoje, no Carpe Mundi, recebemos cerca de dois convites de viagens por mês. Precisamos, inclusive, selecionar o que vale e o que não, pois além de buscar novo conteúdo pelo mundo, não podemos parar com a produção de posts, mesmo em meio a viagens com programações que começam às 8h e terminam às 23h (press trips não são férias). Na minha última viagem, por exemplo, eu sabia que teria pouquíssimo tempo disponível pra ficar no computador, então baixei várias páginas da Internet sobre o assunto que eu pretendia escrever e fui produzindo no avião, offline mesmo. Deu super certo. Você precisa se virar e encontrar seus jeitos de manter o ritmo mesmo durante uma viagem. O mesmo vale pra alimentar as redes sociais. Uma boa dica é deixar todos os posts do Facebook programados e ir só acompanhando como vão indo. No Instagram eu não curto fazer isso porque sempre acompanho de perto meu perfil e fico monitorando os melhores horários do dia pra postar, que mudam frequentemente. Mas existem apps pra isso também, como o Instamizer por exemplo.

10) MONETIZE O SEU BLOG

Como montar um blog de viagem: o item mais difícil da lista, mas que, se você fizer tudo acima direitinho, surge por consequência. De todos os bloggers que conheço, dá pra contar na mão quantos já conseguem viver só com os lucros do blog. A gente mesmo ainda está no processo. Além de anúncios e publiposts de empresas de segmentos turísticos (que você consegue indo atrás, mandando email na cara dura e se apresentando, enviando mídia kit), o Google AdSense, o Booking.com e outros programas de parceria de afiliados dão rentabilidade aos blogs. Procure pesquisar mais sobre eles e, aos poucos, ir dominando o que melhor funciona pra você. Recentemente descobrimos também o Awin, que tem afiliados como o TripAdvisor, e pretendemos iniciar parcerias com empresas de aluguel de carro e seguro-viagem. Produzir roteiros personalizados de viagem é outra fonte rentável. Assim, dá pra juntar uma graninha enquanto o blog não vira um negócio que se toca sozinho. E, quando isso acontecer, conta pra gente aqui como foi e se este post sobre como montar um blog foi útil ?

Anna Laura

Um dos maiores nomes do turismo no Brasil, Anna viaja há 10 anos em busca de construir um mundo mais consciente, sustentável e a favor da natureza, propondo mais autoconhecimento através de suas experiências pelo globo. Jornalista por formação e fotógrafa por vocação, é editora do Carpe Mundi e Co-founder da plataforma de curadoria em aluguel de temporada Holmy, 100% nacional e de equipe feminina.

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