A Tailândia, o maior país budista do mundo, é um dos destinos que mais atraem viajantes em busca de retiros espirituais. Conheça aqui o retiro de yoga Island Yoga, em Koh Yao.

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Na Tailândia há retiros rigorosos, sediados em templos, que seguem a rotina dos monges (o que normalmente significa ficar em silêncio, acordar muito cedo, comer muuuito pouco e meditar muuuuitas horas em assentos desconfortáveis). Eu já pratico yoga há dois anos e mesmo assim fiquei com receio de me envolver em algo, digamos, tão intenso. Mas há diversos outros ashrams, centros e hotéis que provêm experiências de desconexão durante alguns dias.

Encontrei o retiro de yoga Island Yoga por acaso no ótimo site Book Yoga Retreats – o fator predominante pra minha escolha foi o preço e a localização praiana. As resenhas me atraíram e resolvi reservar um retiro de yoga de 4 dias por US$ 140, com atividades e café da manhã.

O retiro de yoga fica em Koh Yao Noi, uma ilha pouco visitada bem perto da muito visitada Pukhet. Pra chegar, é preciso pegar um barco no Bang Rong Pier, em Pukhet. Me permaneceu desconhecido o motivo de Koh Yao não ser tão explorada para o turismo, talvez porque a cor da água não seja esmeralda como na próxima Koh Phi Phi ou ninguém tenha inventado uma festa bombada que aconteça com frequência ali. Só há pequenos vilarejos onde a vida passa devagar e uma meia dúzia de hotéis com europeus que provavelmente leram o artigo que saiu no The Guardian em 2010 dizendo que Koh Yao é a última ilha intocada da Tailândia.

Cheguei inebriada pelo calor de fevereiro e cansada pelo transporte do meu mochilão pesado pelo combo ônibus+ barco+ táxi (custa 200 baht pra ir do porto de Koh Yao até o Island Yoga). O Island Yoga fica numa enseada de frente pra uma praia ampla e desabitada. A maré fica muito baixa grande parte do dia, o que transforma a área num campo de areia enorme ladeado por penhascos de calcário (pra entrar na água você precisa fazer uma longa caminhada entre buracos de siri e restos de plantas). Uma cortina de árvores e vegetação rasteira abraçam a infraestrutura do lugar.

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Fui recebida por uma holandesa que fez o check-in no escritório e me levou ao meu quarto, disposto numa cabana de madeira bonitinha. Fiquei no coletivo, o mais barato, que abriga 4 beliches bem novos com armários e mesinhas individuais pra cada hóspede. As camas têm colchões largos e lençóis branquinhos, e os banheiros também são bons. E sim, tem arrumação de quarto diária.

A rotina começa às 5h30, com uma sessão de tai chi chuan na praia com David Sharpe, o dono do retiro de yoga. É um inglês pra lá dos 60 com corpo magrelo e forte (ele pratica escalada), olhos azuis arregalados e voz suave. Eu nunca tinha praticado tai chi chuan, mas passei a amar no primeiro minuto fazendo os movimentos lentos e orquestrados que “transportam” energia sob a brisa do mar.

Retiro de yoga: das 7h às 9h tem a primeira prática de yoga do dia, realizada num salão com fundo envidraçado, mats e materiais novos. Há uma escala rotativa de professores (a maioria são pessoas que viajam pelo mundo fazendo isso) europeus e americanos – senti falta de ter aulas com tailandeses. Acho bacana como a prática dá tanto pra quem está começando quanto pra quem já pratica – mas se você já é muuuito avançado pode achar as posições meio básicas. As meditações têm temas variados e guiam início e o fim das sessões.

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Depois, é hora do café, a única refeição inclusa na diária, um banquetão com coisas ocidentais (pão, ovo e afins) e pratos thai, inclusive sobremesas, tudo delicioso. Dava pra guardar umas frutas pra comer de tarde e depois só pagar pra jantar, cerca de 150 baht o prato.

A partir das 11h, o tempo é livre até às 16h, horário da prática de yoga seguinte. Há workshops, palestras e passeios pagos à parte (tudo meio caro, uns 500 baht), mas como a minha grana era curta, eu só ficava lendo e relaxando na praia e na piscina. Também dá pra alugar uma scooter e explorar a ilha, mas eu me irritei um pouco com os preços inflacionados – na Tailândia o aluguel normalmente custa 150 baht a diária, mas ali era 300. O que é ok pra quem está numa viagem curta, mas mochilões longos e pão-duros como o meu não admitiam o gasto.

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Retiro de yoga: a segunda prática era tão boa quanto a primeira, ainda mais quando dada pelo próprio David. Ele falava sobre respiração, autoconsciência, mindfulness e questões existenciais, citando livros relacionados. O que poderia parecer prolixo em outros momentos, ali era muito pertinente. O retiro todo é um convite pra desacelerar, sentir a natureza, ouvir as pessoas. Não ter muito o que fazer é a ideia. A maioria dos hóspedes é mulher (europeias, canadenses, americanas), umas mais dessa vibe “holística”, outras menos. Como todo mundo faz as refeições junto, é fácil puxar papo e fazer amizades.

Depois do banho ( às vezes eu limpava o suor da yoga com uma imersão no mar, de roupa mesmo), o pessoal se reúne pra jantar e participar das atividades noturnas – tem sessões de filmes e palestras com os professores. Dorme-se cedo, ao som do… nada.  Eu também gostava de deitar no escuro  nas redes pra ver o movimento da maré; o mar chegava bem perto do restaurante de noite.

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Acabou que ficar 4 dias foi pouco, queria mesmo uma semana ali. Tinha gente há 15 dias, 30 dias. Tinha gente há 3 meses, trocando trabalhar na administração por estadia e aulas de yoga. Me senti tentada a estender, mas eu tinha um voo marcado pra dali alguns dias. Ainda hoje, quando bate um estresse, dou uma olhadinha no preço da passagem pra Bangkok pra, quem sabe, voltar ao Island Yoga. Saudades eternas do retiro de yoga.

Em tempo: você não precisa ter nenhuma experiência prévia com yoga e meditação pra participar de um retiro desses, mas é importante ter interesse e se propor a entrar no clima, ouvir e participar.

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