Acordar antes das 6h e ver o raiar do sol inundar a imensidão verde, dirigir ao lado de um rio lotado de jacarés entre garças e tuiuiús, cavalgar entre campos semialagados e espreitar uma ema andando ao longe, navegar num rio a procura de onças e ariranhas, passar a noite olhando as estrelas num silêncio quase impensável.

As experiências do Pantanal Norte, seguindo o ritmo lento da natureza, te transportam para outro Brasil, um que vive à mercê das cheias e secas de uma das maiores planícies inundáveis do planeta, onde habitam cerca de 4700 espécies de animais e plantas.

Com 210 000 km², o Pantanal é dividido entre Norte e Sul, pelo território do Mato Grosso e do Mato Grosso do sul. Este post fala do Pantanal Mato Grosso, alcançável facilmente de carro desde Cuiabá (MT), onde o turismo concentra-se ao redor da Estrada Transpantaneira.

LEIA TAMBÉM: Roteiro completo unindo Pantanal, Chapada dos Guimarães e Nobres

COMO CHEGAR AO PANTANAL NORTE:

Voe até Cuiabá, alugue um carro e vá até a cidade de Poconé, a 100 km de lá. Um pouco adiante já começa a Transpantaneira (encha o tanque em Poconé, porque na estrada não tem postos). No Google Maps tem o nome das pousadas, mas algumas localizações estão erradas e em alguns pontos da Transpantaneira não tem sinal. Veja a quilometragem do lugar que você vai antes de sair e ligue pra pedir um ponto de referência.

QUANDO IR AO PANTANAL NORTE:

pantanal-mt-quando-ir

No período da seca, entre julho e outubro. Na cheia quase não dá pra passear pelos campos (fica tudo alagado) e a Transpantaneira fica intransitável com carro de passeio.

QUANTOS DIAS FICAR NO PANTANAL NORTE:

5 dias, contando os deslocamentos de ida e volta e um dia pra fazer o passeio de ver onça (pra encurtar a viagem, você pode cortar Porto Jofre, mas aí não vai ver onça). A viagem é mais proveitosa se combinada a uma ida a Chapada dos Guimarães e Nobres.

ROTEIRO IDEAL PELO PANTANAL NORTE

Dia 1: Chegue a Cuiabá de manhã, almoce na cidade e siga à Transpantaneira. Já pode fazer focagem noturna neste dia.

Dia 2: Passeio de barco e trilhas pra conhecer a propriedade da pousada.

Dia 3: Passeio a cavalo e, de tarde, ida a Porto Jofre.

Dia 4: Passeio de lancha pra ver onça (vai às 8h e chega às 16h).

Dia 5: Volta pra Cuiabá (5h de viagem desde Porto Jofre).

pantanal-norte

O Pantanal Norte gira em torno da Transpantaneira, uma estrada de 145 km (sendo 143 km de terra) que começa pouco depois da cidade de Poconé, a 100 km de Cuiabá. No projeto original da Transpantaneira, a rodovia teria quase 400 km deveria cruzar o Pantanal e ligar Poconé (MT) a Corumbá (MS). Mas a obra foi encerrada em Porto Jofre, às margens do Rio Cuiabá. A estrada passa por campos abertos, mata e aterros que represam as águas das cheias e formam refúgios de fauna e flora. Dirigindo por ela (principalmente entre 5h e 8h ou depois das 17h), você já vê centenas de animais (sério, centenas), a maioria pássaros, jacarés e capivaras. Há várias pousadas que ficam ao longo da estrada e oferecem uma série de passeios (a cavalo, de barco, caminhadas, focagem noturna).

LEIA TAMBÉM: Miniguia da Chapada dos Guimarães

pantanal-norte

Se hospedando por ali, do lado de fora do seu quarto você já vai ter macacos brincando nas árvores, tucanos mil ciscando frutas, cotias se escondendo ligeiras, lagos com jacarés. De noitinha, lobinhos e veados-campeiros também são fáceis de espreitar. Pra ver ariranhas e antas no rio tem que dar sorte. E, se você não é admirador de pássaros ainda, vai virar: eles compõem grande parte da flora da região. Tuiuiús, carcarás, garças-cinza, entre vários outros. A melhor hora pra ver os bichos é sempre cedinho ou no fim da tarde, então é ideia é levantar pra ver o sol nascer todos os dias. Mesmo preenchendo o dia com os passeios propostos, há vários momentos de ócio, pra curtir a piscina, ler um livro e dormir na rede. O ritmo da viagem é lento, com uma dose de paciência pra os animais aparecerem. É sem dúvida um rolê pra descansar.

No fim da Transpantaneira fica Porto Jofre, o único local onde é possível ver onças (de acordo com eles, a chance de vê-las é de 93% nos passeios de barco). Ah, sim, Pantanal é destino de gringo (a gente parece ter uma grande dificuldade pra valorizar o que é nacional, né?): o que mais você vai ver lá são europeus sessentões com câmeras potentes a procura de pássaros como o tachã e o aracuã. Você pode dividir a estadia em duas noites numa pousada mais para o começo da Transpantaneira e depois mais uma em uma posada no Jofre para tentar ver onças. Basicamente sua experiência vai depender da pousada que escolher: a diária normalmente já inclui refeições e passeios (não tem restaurantes na estrada).

ONDE FICAR NO PANTANAL NORTE:

(todas as pousadas ficam ao longa da Estrada Transpantaneira):

Pousada Piuval

Pousada Pantanal do Norte: tem quartos confortáveis, ótima piscina com vista para o rio e comida simples e gostosa (como em quase todas as pousadas, bem caseira). O esquema que mais a vale a pena é comprar a diária com refeições inclusas (R$ 820 para duas pessoas) e pagar os passeios à parte: de barco, cavalgada, trilha, safári noturno, entre outros. Permite day-use.

Pousada do Rio Claro

Pousada Pantanal do Norte: é mais simples do que a Piuval, mas fica numa localização melhor da Transpantaneira. Tem uma piscina razoável e quartos modestos. A comida é bem gostosa. A diária começam em R$ 635 e pode incluir todas as refeições, um passeio de barco ou a cavalo e uma trilha por dia – pra fazer mais tem que pagar à parte. Permite day-use.

Pousada das Araras Eco Lodge

Pousada Pantanal do Norte : Parte da associação brasileira Roteiros de Charme, tem decoração rústica-chique (bem mais pra rústico) e a melhor piscina da região. Há passarelas que circulam toda a propriedade e permitem que você chegue a mirantes pra admirar o pôr do sol – um deles fica a 12 metros de altura. A desvantagem é que não há um rio próximo (os passeios de barco são feitos fora de lá) e o preço cobrado é pra gringo: 2 noites (é o mínimo pra reservar) custam R$ 1 993 por pessoa com todas as refeições e 3 passeios guiados por dia.

pantanal-norte

SouthWild Pantanal Lodge

Instalações honestas, boa comida e chance de ver dezenas de bichos bem pertinho – o Rio Pixaim passa dentro da pousada. A diária sai R$ 772 com pensão completa e passeios.

Porto Jofre Pantanal Pousada & Camping

Pousada Pantanal do Norte: é bem simples e também tem camping. É opção mais em conta pra ver onça: as diárias custam a partir de R$ 180 por pessoa com 3 refeições.

Pousada Pantanal do Norte: tem outras opções no Jofre, como o Hotel Porto Jofre, aquele carérrimos do qual eu falei acima, e a Pousada Porto Jofre (diárias desde R$ 683 por pessoa com todas as refeições e passeios). Como ela também é beeem simplinha, eu acho melhor ficar na Porto Jofre Pantanal Pousada e Camping (sim os nomes confundem mesmo).

EXTRA: Turismo no Pantanal Sul

TODAS AS DICAS AQUI: Um giro pelo Pantanal, Mato Grosso do Sul: atividades, hospedagens e dicas

Enquanto no Pantanal Norte há uma forte influência da Floresta Amazônica, com cheias mais severas, muitos animais aquáticos e foco na pesca, no Pantanal Sul, no Mato Grosso do Sul, entre entre Miranda, Aquidauana e Corumbá, há uma predominância de áreas de Cerrado e Mata Atlântica, com altura da água menor durante a cheia, tornando-se o ambiente propício para quem quer ter um contato mais imersivo com os animais selvagens. 

paisagem pantanal sul, caiman

O passeio to go pelo Pantanal Sul é o safári para a observação de pássaros e animais silvestres (como a onça-pintada!), mas há também outras opções para aproveitar a cultura pantaneira, desde explorar o ecoturismo, turismo de aventura e a pesca e até curtir o bom da gastronomia local, regada a churrasco e peixes. Muitas fazendas do Pantanal Sul reforçam essa atividade através de hospedagens que aliam o conforto de uma boa estadia, com as atividades de imersão, como é o caso do Refúgio Ecológico Caiman.

LEIA TAMBÉM: Turismo no Pantanal: 9 motivos para colocar o destino na sua wishlist

ONDE SE HOSPEDAR NO PANTANAL SUL

Refúgio Ecológico Caiman

pantanal-norte

Refúgio Ecológico Caiman é um hotel situado em uma fazenda de 53 mil hectares e que abraça o lema da vivência pós-luxo, proporcionando um estadia com sofisticação e conforto extremo, abandonando a superficialidade e trazendo experiências autênticas de imersão no bioma. Criada em 1985, o Refúgio Ecológico Caiman foi a primeira operação de ecoturismo no Pantanal do Mato Grosso do Sul – mas de antigo, só a sabedoria e expertise dos passeios e experiências oferecidas. Suas três diferentes pousadas oferecem tudo que o hotel mais luxuoso consegue entregar: serviços de excelência em ecoturismo, hospedagem e gastronomia. Com eles, os hóspedes têm a chance de viver experiências únicas que incluem safári em veículo aberto, canoagem de contemplação, caminhadas e focagem noturna. Pela Caiman, a chance de você encontrar pelo menos uma onça-pintada vagando por aí em algum passeio é de mais de 98%! Todos os passeios são acompanhados de um guia local e outro biólogo, que, juntos, exploram o melhor do bioma. Diárias a partir de R$ 1 750 – pacotes de no mínimo três noites). VEJA A NOSSA EXPERIÊNCIA DE HOSPEDAGEM AQUI.

VEJA MAIS: Refúgio Ecológico Caiman: safári e luxo na medida no Pantanal Sul

22 comentários

Deixe seu comentário

voltar ao topo