O que fazer em Veneza: nossa seleção de programas.

Com sua geografia peculiar, disposta em ilhotas e canais, Veneza proporciona um passeio por palácios, igrejas e outras glórias de seu passado como poderosa república comercial da região do Vêneto. Mas também exibe incursões contemporâneas, principalmente na arte e na gastronomia. A expressão tão usada “se deixe perder pelas ruas da cidade” faz mais sentido do que nunca aqui: é assim que você percebe que cada canal, gôndola, beco estreito, praça escondida e até cada varal estendido parecem parte de uma perfeita cidade cenográfica.

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Você provavelmente já sabe que vai ter que compartilhar essa beleza toda com muita gente, principalmente no verão – aliás, se der, evite o verão. Veneza tem sido inclusive uma das cidades europeias, junto com Barcelona e Palma de Mallorca, que esbraveja contra o turismo de massa – cerca de 28 milhões de pessoas visitam a cidade por ano (!). Em 2017 houve manifestações nas ruas clamando que a indústria deteriora a qualidade de vida da população, destrói o meio ambiente local e, acima de tudo, os faz partir: a população de Veneza caiu de 175 000 habitantes nos anos 1950 para 55 000 hoje.

Há dois jeitos, a meu ver, de colaborar com a causa: 1) não visitar a cidade com cruzeiros, que, além de poluentes, são responsáveis por despejar até 44 000 visitantes de uma vez na cidade; 2) vá a estabelecimentos selecionados pelo site Venezia Autentica. Eles escolhem pequenos negócios de proprietários locais, frequentados e queridos por locais, e que oferecem experiências autênticas. Bom para eles e muito legal para a sua viagem também.

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O que fazer em Veneza: 19 programas essenciais

Entrar na Basílica de San Marco e passear pela praça

Ela é uma das igrejas mais impressionantes da Europa e, como muitos monumentos suntuosos do continente, tem uma história controversa: no século 9, comerciantes venezianos contrabandearam o corpo de São Marcos do Egito, o trouxeram escondido num barril e construíram esse templo para ele durante quase 800 anos. Depois de admirar os cinco portais da fachada, espere na fila (sempre tem fila, mas ela anda rápido) pra ver o interior todo de mosaicos – a predominância do dourado se deve às muitas folhas de ouro usadas. Você pode ver outras peças pura riqueza no Tesouro, que inclui relíquias de santos, como o braço que São Jorge supostamente usou para matar o dragão (!). Ali, eles levam à sério as regras de vestimenta: cubra ombros, joelhos, barriga.

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Quem quiser subir na cúpula tem que pagar € 8. A Piazza San Marcos, em frente, é um símbolo de Veneza, com seus cafés e suas revoadas de pombas (eca). Pule as manhãs ali, quando as excursões de cruzeiros a lotam com seus guias carregando bandeirinhas, e deixe para ir depois das 15h. À noite também é bacana, quando há bandinhas tocando ”Volare, cantare” e a Basílica assume uma vibe meio fantasmagórica.

Reservar o tour secreto pelo Palazzo Ducale

Ao lado da Basílica, é outro lugar que sempre tem fila – para evita-la, vá de tarde, depois das 14h, aos sábados à noite (quando fica aberto até às 23h) ou compre o ingresso pela internet. Sede do governo de Veneza por quase sete séculos (a forma atual do palácio é do século 15) e antiga casa do líder máximo da república, o dodge, a construção gótica tem uma fachada muito bela em pedra branca e mármore rosa. Lá dentro você vai ver salas, quartos, pátios e escadarias suntuosos. Um segredinho bacana é reservar o “tour secreto”, visita pré-agendada que dura cerca de 1h45 (em inglês, francês ou italiano) que, além de dar uma aula de história local, leva pelas prisões no subsolo, para onde eram mandados os subversivos e qualquer cidadão que não respeitasse as regras impostas pelo sistema (como o famoso Giacomo Casanova, que conseguiu fugir), e os escritórios dos oficiais chanceleres. Reserve no site – custa os mesmos € 20 do ingresso normal.

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Admirar arte no principal museu da cidade, a Gallerie dell’Accademia

O que fazer em Veneza: daqueles museus em que a construção é tão interessante quanto as pinturas, o complexo está disposto em três edifício religiosos: a Scuola Grande de Santa Maria della Carità, a igreja de mesmo nome e o Monastério de Canonici Lateranensi.  São mais de 800 obras, dos séculos 14 ao 18. Importantes artistas italianos estão ali, como Bellini, Giorgione, Carpaccio, Ticiano, Tintoretto e Tiepolo. Vale comprar o ingresso no site por € 15. Continue lendo pra saber mais o que fazer em Veneza.

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Conhecer a Coleção Peggy Guggenheim

Esse museu é genial pela coleção e pelas instalações: esse é o antigo palacete onde vivia a herdeira americana, sobrinha de Salomon Guggenhein, na beira do Grand Canal. Ele abriga nos antigos cômodos da casa obras de surrealistas, futuristas e expressionistas do fim do século 19 e começo do 20, como do ex-marido de Peggy, Max Ernst, e mais Jackson Pollock, Picasso, Salvador Dalí, Alexander Calder, entre outros. A visita é rápida e inclui algumas fotos e informações sobre a interessante vida de Peggy, que por sinal está enterrada no jardim junto a seus queridos cães lhasa apso. Seu túmulo é rodeado de esculturas de gente como Henry Moore e Giacometti. O ingresso custa € 15.

Subir na torre da Igreja de San Giorgio Maggiore

A uma estação de vaporetto de San Marco, essa igreja do século 18 com fachada de mármora fica numa ilhota de mesmo nome e não costuma receber muita gente, um alívio em Veneza. Além das obras de Tintotetto, ela tem um campanário no qual você pode subir de elevador pagando € 6. Lá em cima, você sente que descobriu um segredinho da cidade, com uma vista maravilhosa para San Marco que você compartilha com poucas outras pessoas. Durante a Bienal, ela também abriga mostras de arte contemporânea que fazem um contraste muito bacana com a arquitetura da igreja.

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Dar uma passada na Basílica de Santa Maria dela Salute e na Punta dela Dogana

Não vou ficar citando mil igrejas aqui porque tem muitas em Veneza: o melhor negócio é, quando passar na frente de alguma, entre para dar uma olhada e pronto, sem ficar decorando nomes. Essa basílica na ponta da ilha é particularmente bacana por sua construção circular e por ser a mais frequentada pelos venezianos, principalmente nas missas. Construída com dinheiro dos sobreviventes da peste em Veneza em agradecimento à salvação, dizem que ela tem propriedades místicas de cura. A sacristia amostra obras do pintor renascentista Ticiano. Logo ao lado está Punta dela Dogana, antigos galpões que abrigam a coleção de arte do bilionário François Pinault e exposições temporárias de arte contemporânea.

Olhar o teto da Scuola Grande di San Rocco

As “scuolas” de Veneza, fundadas a partir do século 13, eram fraternidades voltadas para a caridade. Essa é muito especial porque foi toda decorada por Tintoretto, um dos mais importantes artistas da história italiana, que era parte do maneirismo e foi um dos precursores de barroco. A visita ali é relativamente rápida: com um mapinha você identifica as pinturas de duas grandes salas, especialmente as do teto do segundo andar, chamado de de “Capela Sistina de Veneza”. O ingresso custa € 10.

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Passear pelo mercado Riatlo

Vá antes do meio-dia para ver esse mercado que existe há mais de sete séculos a todo vapor. Na área de frutas e verduras, repare nas “castraure”, alcachofras pequenas de cor violeta que vêm da ilha de Sant’Erasmo, e, na dos peixes, no “schie”, um minúsculo camarão proveniente da laguna de Veneza.

Ir à bienal mais antiga do mundo

Que sorte estar em Veneza em ano de Biennale, que dura de maio até novembro (a próxima será em 2019). Criada em 1895, a mostra é uma das mais bombadas da arte contemporânea no mundo. A exposição, cujo ingresso sai € 25, é sediada num jardim enorme reservado só para ela, o Giardino, alcançável facilmente de vaporetto, onde ficam os pavilhões dos países – em 2017 o Brasil ganhou menção honrosa pelas obras de Cinthia Marcelle. Há mais arte no Arsenale, próximo dali, em outros pavilhões, e, melhor ainda, em exposições gratuitas em palácios, casas e igrejas no meio da cidade. Este ano eu estava andando como quem não quer nada e dei com uma mostra incrível do belga Jan Fabre na Abbazia di San Gregorio, de graça. Só em Veneza, mesmo.

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Ver belas lojas de máscaras

Símbolos de status social na Veneza do século 17 e ornamentos tradicionais do Carnaval da cidade, que acontece em fevereiro, as máscaras venezianas estão por toda parte. Pule as das lojas de souvenirs e veja as da Ca’Macana, uma das mais antigas da cidade nessa arte, famosa por ter fornecido as máscaras para o filme De Olhos bem Fechados, de Stanley Kubrick. São lindas também a da Papier Mache’ Di Gottardo Stefano.

Fazer um tour de gôndola

O que fazer em Veneza: se você não dispensa clichês, vai nessa. Os passeios têm preço tabelado: € 80 de dia para 30 minutos (até 6 pessoas na gôndola) e € 100 de noite (não deixe nenhum gondoleiro te engambelar cobrando mais ou encurtando o passeio). Prefira ir nos pequenos canais do que no Grand Canal, onde rola um verdadeiro congestionamento de barcos e a água balança muito a gôndola. Para deixar a coisa mais romântica, se for o caso, leve uma garrafa de prosecco.

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Tirar foto nos degraus de livros da Libreria Acqua Alta

Eu sou doida por livrarias e essa é muito diferentona: os livros, novos e usados, estão espalhados por gôndolas, banheiras (!), prateleiras e armários sem uma ordem aparente, com gatos perambulando pelos caminhos apertados do interior. Do lado de fora ficam degraus formados por livros (meio mofados porque são comumente inundados pelas águas dos canais) que você já deve ter visto no Instagram, com a frase “Follow the books steps”.

Provar cicchetti, as tapas venezianas

São pequenas porções de comidinhas tradicionais que você escolhe no balcão dos bares (custam entre € 1 e € 3) junto com copo de vinho e come de pé. O Al Bottegon é tocado há 50 anos por Alessandra de Respinis, considerada a rainha dos cicchetti – prove a torradinha com creme de bacalhau e as sardinhas marinadas. Chegue cedo (tipo 17h), antes que elas acabem, e saia para comer na beira do canal San Trovaso. Outro lugar tradicionalíssimo é a Cantina Do Mori, um “bacaro” (como são chamados esses bares) escondido com panelas de ferro penduradas no teto que funciona desde 1462 (!). Acompanhe com vinho baratíssimo da casa e se sinta em outros tempos.

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Comprar (ou só olhar) na nova T Fondaco dei Tedeschi

O que fazer em Veneza: aberta no fim de 2016, a essa lindíssima loja de departamento ocupa um palácio originalmente do século 11 mas que foi reconstruído diversas vezes no correr dos séculos. Depois de um banho de loja pela empresa do célebre arquiteto holandês Rem Koolhaas, o lugar foi ocupado por lojas como Gucci, Fendi e Dior e similares. Para subir no terraço, que tem uma vista mara para o Grand Canal, precisa reservar (!) horário pelo site, mas pelo menos é gratuito.

Comer com os locais

Fuja das pegadinhas turísticas de Veneza (tem muuuuitas), para almoçar com os locais em osterias e trattorias autênticas e provar especialidades venezianas. Sardinhas agridoces seguidas por espaguete com tinta de lula da Osteria da Alberto são uma combinação maravilhosa. Em Cannaregio, chegue cedo para almoçar na Trattoria Dalla Marisa, que tem menu a € 15. Continue lendo pra saber mais o que fazer em Veneza.

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Pedir um spritz na beira do canal

O spritz (vinho branco, água tônica e Aperol) tem sua origem no Império Austro-Húngaro, mas foram os venezianos que adotaram e exportaram o drink, comumente tomado no “aperitivo”, ou o happy hour italiano. O MQ10, um boteco descoladinho na beira do canal em Cannaregio, tem suas mesas externas lotadas pelos locais. Peça um tramezzino de atum e azeitona para acompanhar. Continue lendo pra saber mais sobre o que fazer em Veneza.

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Curtir a noite no Campo Santa Margherita

O que fazer em Veneza: frequentado por turistas e estudantes universitários, é o que Veneza tem de mais próximo de uma vida noturna. Trata-se de um pátio grande com vários bares com mesas ao ar livre – veja o Orange e o Caffè Rosso. Continue lendo pra saber mais sobre o que fazer em Veneza.

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Tomar o melhor gelato da cidade

Coisa obrigatória em toda cidade italiana, né. Mas vou te dizer que numa viagem de duas semanas pelo norte da Itália, o sorvete do Suso foi o melhor que eu provei. Com ingredientes selecionados e respeito à sazonalidade, tem uma única loja na cidade. Os sabores são criativos e muito incríveis: não tem erro o manet (pistache com giuanduia) e o amendoim “bagigi”, meus preferidos.

Fazer um bate-volta a Murano e Burano

O que fazer em Veneza: pra quem tem mais de dois dias inteiros na cidade, vale embarcar nos vaporettos pra visitar essas ilhas próximas. Murano é casa dos trabalhos em cristais – observe as lojinhas e vá ao Museo del Vetro, que conta a história dessa arte. Já Burano figura um panorama lindinho com casinhas de cores saturadas e é expoente da famosa renda veneziana, exposta nas lojas.

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Betina Neves

A jornalista é perita em traçar roteiros e vive na eterna busca pela passagem aérea mais barata. Escreve um e outro post por aqui enquanto explora o mundo dentro e fora de si. Pode ser encontrada em cachoeiras na Chapada dos Veadeiros, retiros budistas na Tailândia e montanhas na Califórnia.

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