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Gentrificação vem do inglês, gentrification, basicamente um processo de valorização imobiliária de uma zona urbana. O termo foi criado pela socióloga britânica Ruth Glass em 1963, se referindo ao “aburguesamento” do centro de Londres.

 

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Hoje, a gentrificação faz surgir os bairros hipster/descolados/da moda:

Algo parecido com o que ocorreu com a Vila Madalena e Pinheiros e está acontecendo com Santa Cecília, se você mora em São Paulo. É um movimento de artistas, designers, empresários, hoteleiros, chefs, restauranteurs e toda sorte de gente criativa e/ou empreendedora, que saem dos bairros já gentrificados (com os aluguéis e imóveis com preços nas alturas) e começam a se mudar ou a investir em uma região ainda desvalorizada, que varia entre ex-bairros de concentração de imigrantes, ex-áreas de galpões industrias, ex-ajuntamentos de residências de classe média baixa, ex-áreas dominadas por gangues & criminalização. Esse povo começa a reformar prédios e casas antigos e/degradados e a abrir ateliês, lojas, restaurantes, galeria de artes, bares, etc. E aí atraem mais gente interessada em tirar proveito daquele aglomerado de gente interessante (que está fazendo dinheiro), aumentando a especulação imobiliária. E aí um bando de jornalista publica reportagens sobre como aquele bairro é a bola da vez.

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O processo é controverso,

porque tem efeitos bons e ruins sobre a cidade: ao mesmo tempo que é acompanhado de investimento em infraestrutura e revitalização econômica, com geração de empregos, estímulo de produção cultural e redução da criminalidade, ele causa aumento do custo de vida e expulsão de parte dos moradores antigos para vizinhanças distantes. Como disse a americana Sarah Kendzior em seu texto The peril of hipster economics: a gentrificação “estimula a chegada de novos residentes de alto padrão e transforma bairros historicamente associados a populações marginais – só que os problemas que existiam ali (pobreza, falta de serviços públicos) não desaparecem, simplesmente são deslocados para um novo local”.

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Mas que é bacana visitar esses bairros quando a gente está viajando, é.

Eles têm restaurantes que ditam tendências gastronômicas, baladas alternativas, lojinhas vendendo produtos artesanais e feitos por designers locais, brechós, feiras de rua de arte, moda e comida, lojas de vinil, galerias de arte, bares meio intelectuais, meio de esquerda, paredes grafitadas. O legal é que normalmente são uma série de empreendimentos locais e independentes que deixam a paisagem urbana muito mais rica e vão na contramão da globalização das redes – ninguém merece só Mc Donald’s e H&M’s por todo lado.

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Depois da gentrificação, acontece que os próprios hipsters começam a achar que o preço do cafezinho da esquina aumentou, que o aluguel está um roubo e que aquilo ficou tão cool, mais tão cool, que deixou de ser cool. E aí vão em busca de um novo canto.

Eis aqui alguns desses bairros (antes que surjam outros) que não podem ficar de fora da sua próxima viagem:

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Londres – East London

Essa denominação abrange uma área enorme, que se alastra cada vez mais por bairros como Hoxton, Shoreditch, Bethnal Green, Dalston… Virou uma grande mancha urbana de paredes grafitadas, lojas independentes, restaurantes étnicos, feiras, cafés, galerias, brechós e hotéis para geração Y, habitados por gente criativa, artistas, hipsters, pessoal da moda e imigrantes da Índia, Paquistão, Bangladesh, Vietnã, Caribe. Vá de noite para beber e dançar ou no domingo de dia, quando a Brick Lane bomba de feiras de rua e tem comida de todos esses países citados acima à venda.

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Paris – Canal de Saint Martin e arredores

Nos tempos em que Hemingway e Simone de Beauvoir tomavam cafés na Rive Gauche ninguém pensava em ir para essa região nordeste da cidade. Hoje, os hipsters, em Paris chamados de “bobo” (abreviação de bourgeois-bohème) invadiram as margens e os arrondissements ao redor do Canal de Saint Martin (mas tem coisa hipster pelo 10º, o 11º e no 20° principalmente), com butiques, livrarias descoladas, cafés feitos com os melhores grãos da Etiópia, os bistrôs dos chefs do momento e um monte de bares.

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Nova York – Williamsburg (Brooklyn)

Se sua mãe não sabe o que é hipster, leve ela ali para dar uma voltinha que ela entenderá em cinco minutos. Na Bedford Avenue e suas transversais tem todo tipo de lojinha descolada onde os hipsters podem comprar suas gravatas borboleta, suas camisas xadrez, seus coturnos e, é claro, seus vinis. E livrarias, cafés, brechós – tudo ótimo para um passeio de sábado à tarde. A galera que começou a achar Williamsburg muito caro está se mudando para a vizinha Bushwick (aquele bairro onde moram as meninas das série Girls), que segue o mesmo caminho. Tem outras regiões meio hipsters em Nova York, como East Village, Astoria e outras regiões do Brooklyn, mas Williamsburg ainda é a campeã.

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Miami – Wynwood

Próxima do Downtown da cidade, o bairro tinha originalmente uma pegada mais artística, com paredes grafitadas (por Kobra, Osgêmeos, Nina Pandolfo) e mais de 70 galerias de arte (não perca a Gallery Diet). Hoje alguns dos mais badalados restaurantes da cidade estão ali, assim como bares, baladas, cafés, lojas e lanchonetes que dão pelo menos dois dias de passeio. O bairro vizinho Edgewater também está despontando. Leia mais sobre Wynwood aqui.

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Berlim – Neukölln

Sendo Berlim provavelmente a cidade mais descolada do mundo, seus bairros hipsters são ultra-mega descolados. Pense coisas como uma estação de trem abandonada que virou um aglomerado de baladas. E baladas em que você não entra se aparentar ser careta. Em Neukölln funciona, às terças e sextas, um mercado de rua sensacional: o Maybachufer Turkish Market, uma versão turca- hipster-natureba da nossa feira livre, com vegetais orgânicos, roupas, tecidos para as vaidosas muçulmanas e comida vendida ao gritos. Também há galerias como a Kindl Centre for Contemporary Art, brechós como o Sing Blackbird e bares como o TiER.

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Madri – Malasaña

O bairro ainda vive uma efervescência cultural meio punk, meio rock herdada do período pós-franquismo, entre os anos 1970 e 1980. Hoje a Calle del Espíritu Santo e outras ruas próximas tem baladas de rock, restaurantes gracinha, lojas de jovens designers, pracinhas charmosas, brechós e grande parte da comunidade LGBT.

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Buenos Aires – Villa Crespo

É uma continuação de Palermo, mas que ainda não ~palermificou~. Aquela coisa: no passado era um bairro de classe média, com uma grande população de judeus. Agora ficou cool, com lojas de artigos de couro na Calle Murillo, outlets nas Calles Aguirre y Gurruchaga e toda sorte de restaurantes e bares.

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Lisboa – Intendente

Aos pés da Mouraria e a dois passos do Centro Comercial Martim Moniz (a apenas 800 metros do Rossio), esse bairro hispterizou. O enredo é o mesmo de sempre: a antiga região degradada ganhou um banho de tinta e, com a revitalização, vieram artistas, hotéis, bares, restaurantes. Veja lugares como o 1908 Lisboa Hotel, o restaurante português descolado Infame, o centro cultural Carpintarias de São Lázaro, os shows e saraus da Casa Independente e a loja A Vida Portuguesa.

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Lima – Barranco

Antigo refúgio de férias da alta sociedade limenha (e talvez uma exceção ao processo tradicional de gentrificacão), nos últimos anos se transformou num point boêmio e cultural, e seus casarões foram revitalizados para dar lugar a restaurantes, bares e galerias de arte. Lá ficam o museu de fotografia MATE – Museo Mario Testido, a gigante loja de design Dédalo, a cervejaria artesanal Barracano Beer Company e o “restobar” Dada.

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Praga – Holešovice

Ao norte do centro de Praga, na margem esquerda do rio Moldava, a região resurgiu com o pessoal criativo que se apropriou de antigos galpões industriais e predinhos residenciais (alguns de arquitetura  art nouveau). O Dox Centre for Contemporary Art sedia ótimas exposições, o revitalizado Prague Market é cheio de estandes com coisinhas interessantes, o cinema independente Bio Oko recebe festivais e eventos e a livraria Page Five tem pôsteres e publicações de arte.

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