Marrakech é a cidade mais turística do Marrocos.

Em sua Medina estão riads encantadores de onde você não vai querer sair, jardins escondidos atrás de portinhas secretas, temperos, artesanatos e lenços coloridos de encher os olhos, restaurantes em rooftops com vista pra comer tagines e tomar os melhores chás de hortelã do mundo e os detalhes arquitetônicos mais charmosos do país em museus, madrasas e minaretes.

Mas nem tudo são flores. Explorar Marrakech não é pra qualquer um. Motos correndo cortam a frente dos turistas a todo instante, vendedores te chamam sem parar (e todo mundo vai tentar te extorquir de algum modo), você vai se perder pela Medina pelo menos uma vez por dia, e, sendo mulher, melhor se adequar minimamente ao modo de se vestir dos muçulmanos pra não receber cantadas e/ou olhares de reprovação constantemente. Mas os tesouros de Marrakech valem cada um desses incômodos. E viajar não é mesmo sair da sua zona de conforto e abrir os olhos para se surpreender com outra cultura? Veja aqui 15 programas imperdíveis que você não pode deixar de fazer pela Medina de Marrakech e arredores.

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CONTEMPLAR A ARQUITETURA DO PALAIS BAHIA

Entre as obras arquitetônicas mais importantes da Medina de Marrakech, a antiga residência do conselheiro do Sultão, decorada do chão ao teto no estilo árabe-andaluz, foi construída em duas partes: a primeira pelo grão-vizir Si Moussa (primeiro-ministro do Império Otomano) e a segunda por seu filho, que queria superar a obra do pai. A falta de alinhamento dos projetos fez do palácio uma construção que não é lá muito uniforme, mas não tira sua imponência: os melhores artesãos de todo o Norte da África e da Andaluzia foram contratados a seu serviço por 14 anos. Em seus 8 hectares há 150 quartos que se unem em diversos pátios e jardins. A parte mais interessante do Palácio da Bahia é o harém das 4 esposas e 24 concubinas do conselheiro. (10 dhs)

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FAZER UMA TATTOO DE HENNA NO HENNA CAFE

Quem chega ali não dá nada pro espaço, localizado numa portinha sem graça que aparenta simplicidade. Mas é só provar a deliciosa comida local (no período do Ramadã, inclusive, você pode experimentar o menu sequencial que é servido aos muçulmanos após o jejum no anoitecer por meros 70 dhs – aliás, todas as opções no cardápio são bem baratas), tomar os ótimos chás com propriedades medicinais, entender que todo o lucro vai pra comunidades carentes marroquinas e fazer uma linda tatuagem de henna (desde 50 dhs) na mão de um catálogo de desenhos que foi doado por artistas do mundo todo  pra entender como esse lugar é especial.

FICAR NO RIAD BE MARRAKECH

O pátio marcado por uma piscina central com azulejos quadriculares azuis e verdes, rodeada por plantas e luminárias, móveis nos mesmos tons com detalhes pintados à mão e bonitas cerâmicas no chão e nas paredes é cenário perfeito de foto do Pinterest. Se não for o riad (espécie de pousada marroquina) mais legal de Marrakech, com certeza está entre os primeiros. Não só pelo ambiente e quartos lindinhos e a atmosfera descolada (uma seleção musical eclética e agradável fica tocando baixinho de dia), mas também por detalhes como a granola orgânica, as geleias de combinações inusitadas como a de manga com gengibre e as panquecas fofinhas e deliciosas, tudo feito ali, servidas no café da manhã. (RESERVE AQUI, diárias desde US$ 134)

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COMPRAR TEMPEROS, ARTESANATOS E LENÇOS COLORIDOS NAS TENDINHAS DA MEDINA

Pra quem gosta de pechinchar e adquirir um monte de bugigangas lindas, a Medina de Marrakech e seus souks, os mercados árabes, são o lugar certo, mais especificamente o labirinto de ruas ao norte de Jemaa el-Fna. As tendinhas espalhadas por ali guardam os mais variados temperos, do açafrão com a melhor qualidade a cristais de menta que se postos na água quente são ótimos para curar uma gripe; artesanatos mil de pratos coloridos todos trabalhados à mão a bules de prata maravilhosos e luminárias de ferro recortadas; até lenços, calças e blusas coloridas típicas da cultura muçulmana que dá pra combinar com peças mais cosmopolitas de inúmeros jeitos. Mulheres também piram nos vários produtos de argan. E a regra é: tudo custa, quase sempre, 1/3 ou até 1/4 do valor anunciado, então pechinche.

VER AS OBRAS ISLÂMICAS DO MUSÉE DE MARRAKECH

Apesar do Museu de Marrakech ser daqueles lugares em que vale mais a pena ir por seu bonito interior do que pelas obras propriamente ditas, é bem interessante conferir ali artefatos como moedas islâmicas, os bordados de Rabat e os punhais adornados e cerâmicas de Fez. Na última década, o local foi cuidadosamente restaurado em seu estilo mourisco original pelo colecionador de arte Omar Benjelloun, seu proprietário. Além das exposições permanentes, o museu organiza mostras temporárias de arte contemporânea marroquina e atividades culturais como concertos de música, espetáculos de teatro e danças, projeções de filmes, entre outros. (50 dhs)

APRECIAR A AMPLA COLEÇÃO DE OBRAS MARROQUINAS DO DAR SI SAID

Se comparamos o Dar Si Said, ou Museu das Artes Marroquinas, com o Museu de Marrakech, o primeiro é maior e tem muitos mais objetos expostos. Entre as peças, há mobiliários, objetos cotidianos e instrumentos musicais típicos do Marrocos. A casa de dois andares, que assim como outros edifícios de Marrakech já foi casa de alguém (neste caso, de Si Said), é uma vitrine para o artesanato regional e guarda a relíquia mais antiga em Marrakech, um baú de 1002 d.C. que pertencia a um chefe de gabinete espanhol. Já a obra mais legal fica no piso inferior, em direção à saída: é uma roda-gigante para bebês com minúsculos palanquins montados em um eixo a manivela. (10 dhs)

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RELAXAR NO LE JARDIN SECRET

Dois superjardins mesclando plantas ornamentais, arquitetura árabe e fontes de água com sistema hidráulico vindo das Montanhas do Atlas são um respiro para o caos da Medina de Marrakech. No Exotic Garden estão árvores e plantas vindas dos cinco continentes, enquanto o Islamic Garden tem quatro quadrantes de flora característica do Oriente Médio. Ali há também um café, uma lojinha, uma livraria e uma torre cujo ingresso é a parte com vistas da Medina, dos jardins e das montanhas. (50 dhs + 30 dhs torre)

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TOMAR OS SORVETES DE PRODUÇÃO PRÓPRIA DO NOMAD

Rooftop mais disputado da Medina de Marrakech (no jantar é quase sempre necessário reservar com antecedência), tem sofazinhos beges distribuídos pelos cantos dos dois níveis de terraço e mesinhas listradas de branco e preto contrastando com lanternas de palha penduradas em um fio que circunda o espaço. Comece com a entradinha de porções típicas árabes, a mezze, (70 dhs), siga para o ótimo cuscuz orgânico (130 dhs) e então para os deliciosos sorvetes e sorbets de produção própria com sabores inusitados como o de amêndoas, óleo de argan e mel ou o de chá berbere (50 dhs). Em tempo: bebidas alcóolicas não são servidas em restaurantes dentro da Medina.

FOTOGRAFAR MUITO NA MADRASA ALI BEN YOUSSEF

No passado, o local foi o centro de estudos do Alcorão mais importante do Norte da África, uma faculdade de teologia fundada no século 14 pelos merínidas (dinastia berbere que governou o Marrocos entre os séculos 13 e 15). Decorado com maravilhas hispano-mouriscas como mosaicos resplandescentes de cinco cores, tem cúpulas esculpidas e sacadas em telas de treliça de madeira de cedro do Atlas, além de um mihrab (local de reza dos muçulmanos) de mármore de Carrara. Fotos dignas de Pinterest podem ser tiradas na pequena portinha de madeira do canto esquerdo do local. (20 dhs)

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COMER O TAGINE DE VEGETAIS DO LE JARDIN

Numa portinha que passa quase que imperceptível na Medina de Marrakech não seja a presença dos vasos com plantas na frente, o restaurante é como um oásis calmo, verde e agradável em meio ao caos da Medina de Marrakech. E seu nome não poderia ser mais apropriado. Antigo riad do século 17, hoje tem clientela cosmopolita que dá uma volta pra fotografar o ambiente com piso verde-esmeralda antes de se acomodar sob um dossel de bananeiras e provar os sucos verdes, hambúrgueres e tagines maravilhosos (não perca o vegetariano; 90 dhs) do estabelecimento.

CONFERIR FOTOGRAFIAS HISTÓRICAS NA MAISON DE LA PHOTOGRAPHIE

Amantes fotográficos vão pirar nessa galeria que reúne mais de 4 mil fotos e 2 mil negativos de vidro, além de cartões-postais, jornais e cartas, datados de 1870 a 1950, angariados pelos colecionadores de fotos antigas Patrick Menac’h, parisiense, e Hamid Mergani, marroquino. A maioria das obras são ampliações em série de negativos originais e estão disponíveis para venda. O terraço é panorâmico. (40 dhs)

VIVER A LOUCURA DA JEMAA EL-FNA AO ANOITECER

Símbolo da Medina de Marrakech, em frente ao cartão-postal do Minarete de Koutoubia, a principal praça da cidade vira um verdadeiro teatro ao ar livre quando cai a noite. Todos os dias após o pôr do sol, encantadores de serpentes, acrobatas, músicos, adivinhos, vendedores de incensos, tatuadores de henna e churrasqueiros estão por ali tornando o lugar um caos interessantíssimo. Só fique esperto que nada ali acontece de graça: colocar a cobra no pescoço pode sair mais caro que o planejado. E o trânsito de motos e carroças pode ser um pouco assustador pra quem acabou de chegar (mas ok pra quem já andou bastante pelos caminhos da Medina).

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VISITAR AS TOMBS SAADIENS

Mausoléu coletivo onde estão sepultados cerca de 60 membros da dinastia Saadi, monarquia que reinou no Marrocos nos séculos 16 e 17, é todo adornado com mármore italiano e tetos de cedro na Medina de Marrakech. Inicialmente construído para abrigar o túmulo da mãe do sultão Ahmad Al-Mansur, acabou virando cemitério de toda a família e de parte de chanceleres e conselheiros do rei. A magnífica construção mouro-hispânica ficou esquecida até 1917, quando fotografias aéreas a expôs. (10 dhs)

E, nos arredores da Medina de Marrakech…

VER O MEMORIAL DE YVES SAINT LAURENT NO JARDIN MAJORELLE

Foram nos anos em que o famoso estilista francês Yves Saint Laurent morou em Marrakech que adquiriu o espaço que hoje é o Jardin Majorelle na Ville Nouvelle de Marrakech de seu primeiro proprietário, o pintor francês de paisagens Jacques Majorelle, e o transformou nesse fotogênico jardim botânico de plantas exóticas inspirado nos jardins islâmicos com um charme de art déco e museu de cultura berbere. O local é como um sopro refrescante com fragrâncias de lírios d’água e flores de lótus, sons de passarinhos e do farfalhar das folhas e um bonito casarão pintado de um azul royal intenso com detalhes em amarelo. Também tem um memorial a Yves Saint Laurent e até o fim do ano deve receber um novo museu. (40 dhs + 10 museu)

CURTIR UM DAY USE NO LA MAMOUNIA MARRAKECH

Considerado o melhor hotel de Marrakech e do Marrocos e já eleito como hotel número 1 do mundo (!), o La Mamounia faz jûs a toda sua fama. Parte da incrível coleção da The Leading Hotels of the World, o local é um verdadeiro oásis high-end, um palácio mouro que supera as cinco-estrelas com toques de art déco a apenas 10 minutos das ruas da caótica Medina de Marrakech. Curtir um day use no local dá direito a relaxar nas espreguiçadeiras dos impecáveis jardins ao redor da piscina externa, fotografar na área do spa, onde a piscina interna com seus pilares de azulejos, vitrais e uma espécie de cama numa plataforma almofadada com colunas douradas é um dos spots mais cobiçados da cidade, e aproveitar o hammam ou relaxar numa massagem. (1 600 dhs)

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VIVER UMA EXPERIÊNCIA DE DESERTO NO SCARABEO CAMP

No deserto de pedras da Agafay, a apenas 45 minutos de Marrakech, está uma das experiências de viagem mais bacanas do Marrocos. Nas dunas do Scarabeo Camp, tendas luxuosas acomodam viajantes em busca da atmosfera de paz do deserto, dos finais de tarde com a luz mais linda, dos passeios de camelo, cavalo e quadriciclo por cadeias de montanhas cênicas com as Atlas Mountain ao fundo, das estrelas mil que brilham em Agafay, das refeições típicas de culinária berbere e árabe. (diárias desde US$ 350 em pensão completa)

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Anna Laura

Um dos maiores nomes do turismo no Brasil, Anna viaja há 10 anos em busca de construir um mundo mais consciente, sustentável e a favor da natureza, propondo mais autoconhecimento através de suas experiências pelo globo. Jornalista por formação e fotógrafa por vocação, é editora do Carpe Mundi e Co-founder da plataforma de curadoria em aluguel de temporada Holmy, 100% nacional e de equipe feminina.

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