Labirintos de becos, construções coloniais coloridas, praças cheias de vida, túneis e minas recônditos, belos teatros e igrejas e uma grande população universitária que anima suas noites:

Guanajuato é, sem dúvidas, uma das cidades mais vibrantes do México.

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Terra natal de Diego Rivera, Guanajuato foi um dos mais importantes centros da época da colonização espanhola e floresceu com a descoberta de enormes jazidas de prata e metais preciosos nos seus arredores. Assim como San Miguel de Allende (POST COMPLETO SOBRE SAN MIGUEL DE ALLENDE E ARREDORES AQUI, LEIA AGORA!), foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, e sua arquitetura barroca cheia de cor faz a cidade competir com Cartagena, Antigua e Paraty para o posto de mais bonito conjunto colonial das Américas. Veja aqui o que fazer em Guanajuato.

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O QUE FAZER EM GUANAJUATO:

Guanajuato não é uma cidade planejada. Seu centro histórico, construído em cima de uma série de túneis (a cidade sofreu diversas inundações até que o rio que passava ali foi desviado e vias subterrâneas foram arquitetadas em seu leito), é um emaranhado de becos e ruelas estreitas, por onde não passam carros, chamadas callejones, onde predinhos com fachadas coloridas desgastadas se enfileiram exibindo eira e beira, amplas janelas com varandinhas e vasos de flores.

Foi daí que surgiu a tradição local das callejoneadas, superconhecida em todo o México, espécie de tour de cantoria protagonizado por estudantes da Universidade de Guanajuato todo dia, rigorosamente, às 19h30.  Os grupos caçam turistas em frente ao histórico Teatro Juaréz, símbolo local, de onde partem pra callejonear com seus instrumentos de corda e trajes antigos de gala, subindo e descendo as ladeiras escarpadas, cantando e dançando enquanto te dão doses de vodka com suco. Não sou muito adepta a esse tipo de coisa, mas achei este tour, especificamente, bem divertido. Custa 100 pesos – dá pra comprar os “boletos” de tarde em frente ao teatro.

Muitíssimo bem preservado, o Teatro Juaréz é bem eclético: com imponentes colunas dóricas e oito estátuas de bronze representando as nove musas da mitologia grega marcando seu exterior, tem marquise neoclássica e interior em art nouveau. O resultado é uma obra bem fotogênica por fora com um interior encantador – os camarotes, originais de 1903, data de abertura, são lindíssimos.

Desde 1972, o teatro sedia em outubro o Festival Internacional Cervantino, com espetáculos de música, dança, cinema e literatura – hoje, é o mais relevante artística e culturalmente no país. A coisa nasceu quando interlúdios de Miguel de Cervantes reproduzidos pelo maestro Enrique Ruelas Espinosa nas ruas de cidades do estado ganharam força. Nessa época a cidade ferve de gente.

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Quem se interessar pode conhecer o Museo Iconográfico del Quijote, com uma coleção de mais de 800 obras entre pinturas, esculturas e gravuras feitas por diversos artistas (tem Dalí e Picasso) evocando a figura literária de Dom Quixote, personagem-mor de Cervantes.

Guanajuato é, aliás, a cidade dos festivais. Há algum evento cultural acontecendo ali todo mês. Além do festival de Cervantino, vale tentar unir as datas da viagem com o supercobiçado Guanajuato International Film Fest, que acontece todo mês de julho.

Bem ao lado do Teatro Juaréz está o Templo de San Diego, com a fachada mais bonita do barroco churrigueresco (o mexicano) em Guanajuato,  que segue resiliente às várias inundações que afetaram a cidade e quase o destruíram. Com apenas uma torre, guarda uma importante imagem de Cristo doada pelo rei da Espanha Carlos III. E, ao seu lado, o lindinho Jardín de la Unión, com a forma de um triângulo e todo cercado por árvores podadas em molde quadrangular, formando uma bonita cerca viva. Um coreto, uma fonte e bancos o enfeitam, enquanto a praça ao redor reúne bares, restaurantes e hotéis.

Antes de sair desse burburinho não deixe de passar na ótima Dulceria La Catrina, ao lado do jardim e em frente ao teatro, que vende uma série de guloseimas açúcaradas deliciosas como os jamoncillos e as charamuscas de amendoim.

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Como tirar boas fotos de você mesmo viajando sozinho

Seguindo cerca de 200 metros, essa mesma rua dá na Plaza de La Paz e na Basílica de Nuestra Señora de Guanajuato, de fachada amarelo-ovo, grandes torres neoclássicas e cúpula ocre, do século 18. É a igreja mais importante da região, com uma escultura da Virgem Maria supostamente entalhada há 800 anos e trazida à cidade no ´seculo 17.

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Essa é, na minha opinião, a região mais simpática da cidade. Os predinhos coloridos em volta da praça, hoje com cafés e restaurantes com mesas ao ar livre, ornam lindamente.

Ladeira acima, à direita, você chega na Universidad de Guanajuato, do século 18, com pilares maçônicos e enormes escadarias de onde você avista toda a cidade. Cerca de 30 mil estudantes a frequentam – o porquê da cidade ter tantos jovens, barzinhos e animação.

Continuando por essa rua, a Positos, você chega no Museo Casa Diego Rivera, a casa onde o pintor casado com Frida Kahlo nasceu e viveu. O local abriga obras de artistas mexicanos e alguns dos móveis e objetos do tempo em que ele morou na cidade. Eu, particularmente, não gostei. Cheguei lá esperando ver quadros dele e não há sequer uma única pintura sua.

Na próxima Callejón del Beso, uma estreitíssima ruela onde diz a lenda garante-se a sorte no amor, é tradição local dos casais darem um beijo. O conto é de um casal de namorados de classes opostas que ficavam escondidos ali, na varanda de suas casas, afastadas por apenas 68 cm uma da outra. Quando o pai da moça descobriu, matou o rapaz. Há fila pra tirar foto.

A 5 minutinhos de caminhada fica o Mercado Hidalgo, o mercadão, com cerâmicas mayólica (colorida e trabalhada, que você só encontra pra vender nessa região, no sul da Espanha e da Itália; foto no início do post) maravilhosas a preço de banana – comprei mais de dez peças entre prato, panela, xícara e vasilhas por menos de 800 pesos. Isso dá US$ 42 (!). Também há as melhores ofertas de batas, bolsas coloridas e peças de artesanato, além de frutas e comidinhas locais, de pimenta pra levar pra casa a quesadilhas pra comer na hora. Vale levar bastante dinheiro e fazer as compritchas da viagem ali.

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Agora, pra comprar artigos de prata, a boa são os arredores da Mina Valenciana, a 10 minutinhos de carro do centro histórico. Guanajuato, toda em desníveis, foi erguida em cima de morros antes ricos em ouro e prata. Ainda ativa, a Valenciana é a mais famosa do México, de onde saiu cerca de 30% da prata do mundo (!). Hoje, quem quiser pode descer e conhecer seu interior.

Vale pegar o funicular atrás do Teatro Juaréz e ir ao Monumento al Pípila, dedicado a um dos nativos que lutou pela independência do México. A estátua não tem nada demais, mas o legal do passeio é a vista de 360 graus da cidade. Dá pra reparar em como Guanajuato é construída em cima de morros, como um mar de casinhas coloridas.

Também fora do burburinho colonial, não perca as surreais “momias de Guanajuato”, algo bem único, no Museo de las Momias. O solo árido mumificou naturalmente corpos enterrados na região, que foram desenterrados e hoje estão expostos por lá. Sim, é meio macabro, mas uma experiência única de entender o que acontece com um cadáver. Em alguns, inclusive, dá pra ver perfeitamente dentes, pelos e cabelos (eca).

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GUANAJUATO: ONDE FICAR

ESCOLHA SEM ERRO: VILLA MARÍA CRISTINA

O incrível hotel-boutique Relais & Châteaux Villa María Cristina (diárias desde US$ 207, RESERVE AQUI!), o melhor da cidade, tem 38 quartos (um diferente do outro) dispostos em prédios históricos tombados, coloridinhos, interligados por belos pátios com banquinhos, um deles com piscina, mesa e cadeiras. Caminhando pelo hotel você tem a impressão de estar passeando numa versão ainda mais linda, cativante e bem cuidada do centro histórico da cidade – admito que às vezes quase não dá vontade de sair de lá. No café da manhã, delícias como panqueca com mel e geleias são servidas. Há infraestrutura de spa, dois bares e dois restaurantes – o Teresita é considerado o mais chiquetoso da cidade e o El Colombaia serve um delicioso brunch aos domingos. O diretor, Luis María, fala português e está sempre por lá.

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MAIS OPÇÕES: Hotel Quinta las Acacias (diárias desde US$ 148, RESERVE AQUI!), hotel-boutique que era uma antiga residência de verão do século 19 com mobiliário clássico e artesanatos mexicanos.

Hotel Balcon del Cielo (diárias desde US$ 80, RESERVE AQUI!), arrumadinho, fica mais afastado, perto do Monumento al Pípila, mas tem uma vista linda de toda a cidade – e vale pelo preço.

Hotel Murillo Plaza (diárias desde US$ 50, RESERVE AQUI!), a 5 minutinhos do Mercado Hidalgo. Simples, com um terraço agradável e prático pela localização e pelo preço.

POST COMPLETO SOBRE SAN MIGUEL DE ALLENDE E ARREDORES AQUI, LEIA AGORA!

GUANAJUATO: ONDE COMER

Em 2015, Guanajuato foi nomeada capital iberoamericana da gastronomia pela Real Academia Española de Gastronomía. Junto com San Miguel de Allende, guarda interessantíssimos restaurantes que vêm se destacando no país. Além do Teresita e do El Colombaia (leia mais acima, retranca do Hotel Villa María Cristina), aqui vão alguns rápidos nomes interessantes pra incluir no roteiro.

Mestizo (FOTO): achadinho incrível e supercool com um dos chefs mais criativos de Guanajuato onde quase nada sai por mais de US$ 12 no cardápio. Uma dica: não deixe de conhecer.

Casa Mercedes: culinária mexicana gourmet high-end em ambiente romântico. As sobremesas são de matar. Em tempo: fica longe do centro, mas vale a ida de táxi.

Los Campos: um canadense e uma mexicana comandam o estabelecimento, que combina o melhor das duas culinárias. A carta de vinhos e cervejas é espetacular e selecionada a dedo.

Onde comer em Guanajuato: tem dicas? Deixe aqui!

La Tratoria: fusão da culinária italiana com a mexicana – você vai comer mussarela de búfala e massas com toques de ingredientes locais.

Casa Valadez: na esquina que é provavelmente a mais turística da cidade, é carinho, mas tem pratos de culinária internacional ótimos.

El Midi Bistro: francês animado que reúne locais e estrangeiros em busca de bons coquetéis, música ao vivo e comida impecável.

*O Carpe Mundi viajou a Guanajuato à convite do escritório de turismo do estado de Guanajuato. O conteúdo deste post é independente e reflete apenas a opinião da autora.

Anna Laura

Um dos maiores nomes do turismo no Brasil, Anna viaja há 10 anos em busca de construir um mundo mais consciente, sustentável e a favor da natureza, propondo mais autoconhecimento através de suas experiências pelo globo. Jornalista por formação e fotógrafa por vocação, é editora do Carpe Mundi e Co-founder da plataforma de curadoria em aluguel de temporada Holmy, 100% nacional e de equipe feminina.

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